Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O governo do Rio Grande do Sul só não se inscreveu na Olimpíada de Invenção Financeira. Garantiria medalhas com facilidade. Nos últimos 40 anos, tornou-se exímio em malabarismos: criação e retiradas do caixa único, rendimentos de aplicações no mercado, privatizações, saques de depósitos judiciais, financiamentos de todas as ordens e naturezas, calotes nos precatórios e liminar do Supremo Tribunal Federal para suspender pagamentos da dívida com a União.
Falta corda
Os dois anos de decretação do estado de calamidade financeira se tornaram a maior prova de que o Estado não consegue sair do buraco. Temporariamente, em cerimônias oficiais, depois do Hino Riograndense, deveriam rodar “A Fonte Secou”, composição de Monsueto Menezes, Tufi Lanar e Marleo, sucesso do Carnaval de 1953.
Ir às origens
O futuro governador Eduardo Leite terá de falar a verdade logo no começo da gestão. O estoque de acrobacias se esgotou. Para os jornalistas, há perguntas que são familiares: o que, por que, como, onde, quando e quem? Podem parecer estranhas para um governante. Diante da crise sem precedentes, terá de usar o mesmo manual.
Roteiro para o caos
O conceito cultivado há décadas é de que o governo do Estado tudo pode e tudo faz. Verdade. Pôde e fez até quebrar.
Fuga do problema
Só quem não leu o Relatório Sayad, divulgado em 1989, impressiona-se com a situação calamitosa da previdência dos servidores públicos estaduais. Encomendado pela Fiergs a João Sayad, economista e ex-ministro do Planejamento, deveria servir de roteiro para o começo da recuperação das finanças públicas. Pouco tempo depois, foi para uma gaveta.
Antes de tudo, dificuldades
Funcionários de nível superior do Estado reclamam que a Economia deveria ter crescido e isso não ocorreu. Não ouviram as reclamações de empresários que cansaram de esperar pela liberação da papelada e cruzaram o rio Mampituba, instalando-se em Santa Catarina, além de outros Estados.
Na contramão
O site da Agência Nacional de Transportes Terrestres desconhece a existência da auto-estrada Porto Alegre-Osório. A rodovia com maior movimento durante a temporada de verão está desassistida, pondo em risco os usuários. Tecnocratas, confortavelmente instalados em Brasília, acham tudo normal.
No tiro
A mesa diretora, após o recesso, vai analisar projeto que proíbe o porte de armas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Caso haja suspeita de que algum deputado ou servidor esteja armado, os seguranças poderão revistá-los e desarmá-los.
Irresponsabilidade
Entre outubro e novembro deste ano, a dívida pública federal aumentou 63 bilhões de reais. Dado divulgado ontem pelo Tesouro Nacional. O total atinge 3 trilhões e 826 milhões. Mesmo assim, há os que defendem o endividamento sem limites. São advogados do “quanto pior, melhor”.
Alguma coisa está errada
Os gastos do governo brasileiro correspondem a 40 por cento do Produto Interno Bruto e a maioria reclama da contraprestação. No Chile, a despesas ficam em 23 por cento do PIB e sua população considera os serviços públicos de boa qualidade.
Consequência da lentidão
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afirma que exigir trânsito em julgado para início do cumprimento da pena torna inviável a execução da sentença. São décadas até que o processo criminal percorra todas as instâncias. Barroso tem razão: cobrar trânsito em julgado significa, na maioria dos casos, dizer que a pena nunca será cumprida. Vira estímulo ao crime.
Olhando para trás
Tempos sofridos, quando o dinheiro dos assalariados terminava logo: a inflação de 1988 atingiu 980 por cento.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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