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Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2015
Não é difícil, ao percorrer as ruas de Denver, capital do Estado do Colorado (EUA), encontrar indícios de que a atmosfera mudou por lá. Um grande cartaz anuncia uma convenção com o slogan “Marijuana is business”. Nela serão discutidos modelos de negócios que têm como produto-base as ervas do gênero Cannabis. O Estado, montanhoso e localizado no meio-oeste americano, é um dos quatro onde a maconha recreativa é legal.
Os outros são Washington, Oregon, Alasca, além do Distrito de Columbia, onde fica a capital americana. O processo de legalização no Estado americano começou em 2012 com um referendo. Em 2013, houve a regulamentação e, desde o início de 2014, já era possível comprar legalmente a erva.
No Brasil, uma sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) iniciada em agosto determinará o futuro da descriminalização do porte de drogas no País. Três ministros dos 11 se posicionaram a favor, pelo menos em relação à maconha, e Teori Zavascki pediu vistas do processo.
Comércio.
Em todo o Estado do Colorado e na capital, Denver, conhecida como “mile high city” por estar a uma altitude de uma milha (1,6 quilômetro), há inúmeras lojas autorizadas a realizar o comércio de maconha e derivados. Na 16th, rua que funciona como shopping a céu aberto, no centro da cidade, uma delas se propõe, em aviso na fachada, a ajudar o usuário a ficar “stone mountain high” (ou “tão alto quanto uma montanha”), trocadilho com “high” (alto), que na gíria em inglês quer dizer “chapado” ou “alterado” por uma substância.
Atualmente, o uso em qualquer local público é proibido. Não é difícil, porém, ver pessoas em carros ou nas ruas da cidade descumprindo a lei. O uso recreativo é coisa séria para os empresários do setor. Mesmo com impostos que beiram os 30%, as lojas não param de se multiplicar.
Em 2014 foram arrecadados mais de 40 milhões de dólares (155 milhões de reais) só em impostos sobre a maconha recreativa (sem contar aquela que é usada para fins medicinais). Ainda em franco crescimento, o mercado de maconha no Colorado, seja medicinal ou recreativa, é estimado em mais de 700 milhões de dólares (2,7 bilhões de reais).
Cada residente do Estado pode comprar até 28 gramas de maconha por vez. Quem é de fora só pode comprar 7 gramas por loja por dia. A quantidade máxima que se pode portar é de 28 gramas. As lojas não mantêm registro de quem as frequentou ou dos produtos comprados.
Mendigos.
Se, por um lado, mais receita é gerada para o Estado e uma parte dela vai para a construção de escolas, por outro, setores da sociedade reclamam de uma invasão de mendigos na cidade. O problema não é novo, mas tem se intensificado, e muitos atribuem essa entrada à liberação da maconha.
“Need money for pot” (precisa-se de dinheiro para maconha), dizia um cartaz segurado por um homem que aparentava estar na faixa dos 40 anos, em uma rua no centro da cidade. Outros pedem dinheiro para comida. Pessoas que trabalham e frequentam a região se incomodam com a presença dos “homeless” (sem teto).
Algumas iniciativas particulares e do governo local almejam resolver o problema, mas a quantidade de pessoas impede que se atenda a todas da maneira mais adequada. Uma das implicações do aumento de mendigos seria uma expansão da criminalidade. No Estado, crimes relacionados às drogas aumentaram 7,7% em 2014 em relação a 2013 –ano anterior à liberação das vendas, apesar de outros tipos de crime terem se mantido estáveis.
Nesse período, a cidade de Denver também não viu grandes mudanças. Em 2015, só na capital, houve alta de 75% de homicídios, de 25,7% de estupros e de 12,5% de roubos. Não há dados estaduais ou nacionais no período para comparação. (Folhapress)