Sábado, 26 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de julho de 2025
Em meio à elaboração de uma resposta ao tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve evitar se reunir com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como forma de reforçar a independência entre os Poderes. De acordo com fontes, a ideia é mostrar ao governo Donald Trump que o Executivo não tem proximidade ou ingerência sobre as decisões da Corte nem, portanto, sobre o caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No anúncio da tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, o presidente Donald Trump citou entre as justificativas para a taxação o processo judicial contra Bolsonaro, que é réu por tentativa de golpe e já está inelegível após julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A carta de Trump cita “ataques insidiosos” ao processo eleitoral e à liberdade de expressão no Brasil, mencionando medidas adotadas pelo STF contra plataformas digitais americanas.
De acordo com integrantes do governo Lula, por conta das alegações do republicano, o presidente brasileiro deve evitar encontros e dividir palanques com magistrados justamente para reforçar que o Executivo e Legislativo são independentes e um não tem influência sobre o outro. A estratégia elaborada se baseia na avaliação de que o distanciamento entre as autoridades ajuda a driblar qualquer crítica sobre um suposto alinhamento.
A orientação será, inclusive, seguida por Lula nesta semana. Nesta sexta-feira, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) fará um ato em defesa da soberania nacional. O evento, segundo divulgação, terá como foco repudiar as ameaças externas ao Judiciário brasileiro. O objetivo é defender as instituições do sistema de Justiça, seus membros e familiares sancionados pelo governo norte-americano com a suspensão dos vistos.
Inicialmente, o chefe do Executivo seria convidado para o evento. No entanto, segundo fontes, houve um entendimento entre o governo e a organização do ato de que era melhor o petista evitar a exposição.
Na semana passada, os Estados Unidos suspenderam o visto de Alexandre de Moraes e de outros sete ministros da Corte, além do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet. O fato foi considerado importante o suficiente para Lula voltar a se pronunciar. No dia seguinte, o chefe do Executivo manifestou solidariedade e apoio aos magistrados pela “medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos”.
“A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações. Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito”, escreveu no sábado (19).
Diante dos movimentos feitos pelo governo brasileiro, a avaliação do Palácio do Planalto é que a gestão já deu as respostas necessárias para a crise e deve manter a cautela em seus pronunciamentos. Fontes defendem que o governo brasileiro evite comentar a todo momento para que não banalize os posicionamentos nem dê munição para a oposição. As informações são do jornal Valor Econômico.