Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2020
Não é só a genética que determina a nossa altura. Uma análise global, feita a partir de dados de 65 milhões de crianças e jovens de 193 países, com idade entre 5 e 19 anos, mostrou, na prática, que uma má alimentação na infância também pode limitar o crescimento dos pequenos. Publicados na revista científica Lancet, os resultados mostraram que a altura média de uma menina de 19 anos em Bangladesh e na Guatemala, por exemplo, é a mesma de uma menina de 11 anos na Holanda.
Segundo os autores, a explicação para a diferença está no prato das crianças. “Se a gente não tem uma alimentação que forneça os nutrientes necessários para acompanhar a velocidade do desenvolvimento infantil, pode haver falhas de aquisição de habilidades e de estatura mais para a frente”, diz o pediatra Tulio Konstantyner, coordenador científico da Força-Tarefa de Nutrição da Criança do International Life Sciences Institute (ILSI Brasil).
Segundo o pediatra, em alguns casos, a criança pode até ter o potencial genético para ser alta, mas como faltam nutrientes essenciais no primeiros anos de vida, ela não consegue atingir o tamanho que seria esperado. “Nos anos iniciais, a genética exerce pouca influência nisso. Ela vai atuar mais quando a criança já está chegando perto da estatura final. Por isso, é importante monitorar de perto se o desenvolvimento e a nutrição estão acontecendo da forma adequada”, finaliza.
O que não pode faltar
Ter uma alimentação saudável é algo que buscamos em todas as idades. Mas, para as crianças, esse cuidado faz mais diferença.
“Uma alimentação equilibrada permite que as crianças alcancem seu potencial genético de crescimento, promove o desenvolvimento adequado e contribui também para o aprendizado”, afirmou a nutricionista materno infantil Monica Assunção, doutora em saúde da criança. Algo que, segundo a especialista, tornou-se uma preocupação ainda maior das famílias ao longo da pandemia do coronavírus por conta também de sua influência sobre a imunidade.
Entre os nutrientes que não podem faltar na alimentação das crianças, a nutricionista ressaltou o papel das vitaminas (como A, C, D e E), dos minerais (como cálcio, ferro e zinco) e das fibras. De acordo com a especialista, atualmente, muitos estudos científicos mostram que os benefícios das fibras, que podem ser encontradas nas frutas, nos legumes e nos cereais, por exemplo, vão além do bom funcionamento do intestino. Elas também auxiliam a absorção de nutrientes e favorecem a imunidade. No entanto, mesmo com uma alimentação equilibrada, pode ser difícil atingir todo o aporte diário de vitaminas, minerais e fibras de que as crianças precisam.