Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 14 de abril de 2023
Nesta sexta-feira (14), o Dia Mundial da Doença de Chagas, é celebrada uma data que busca chamar atenção para um diagnóstico que afeta entre 6 e 7 milhões no mundo, a maioria na América Latina. Segundo dados compilados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com base nos indicadores do Sistema Único de Saúde (SUS), a estimativa é de que mais de 1,2 milhão de brasileiros vivam com a doença (mais de 17% do total global), e que 70% destas pessoas não saibam do diagnóstico.
“Cerca de 30 mil novos casos e 10 mil mortes são relatados na América Latina a cada ano. E devido ao aumento da mobilidade da população, a doença é cada vez mais detectada em outros países e continentes”, destaca nota da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), braço regional da OMS, em alerta divulgado também nesta sexta.
Ambas as entidades ressaltam que se trata de uma doença historicamente negligenciada, com uma quantidade de políticas públicas e investimentos direcionados à identificação precoce da doença e ao acesso a medicamentos para curar os pacientes insuficiente.
“O diagnóstico precoce é fundamental, pois a chance de cura se ele for feito nos primeiros dias de transmissão é de até 100%, e diminui progressivamente com o passar dos anos. O tratamento já quando os sintomas são graves é, em geral, mais custoso e doloroso”, explica a cardiologista Gláucia Maria Moraes de Oliveira, diretora da SBC e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo a Opas, sem tratamento a longo prazo, até 30% dos pacientes podem desenvolver complicações irreversíveis para o sistema nervoso, sistema digestivo e para o coração. Arritmias e insuficiência cardíaca são as principais doenças cardíacas observadas, acrescenta a sociedade brasileira.
A identificação do quadro cedo, porém, é um desafio, já que na maioria dos casos a infecção é assintomática no início. “Com as taxas de detecção de Chagas tão baixas, o tratamento está chegando tarde demais”, diz Massimo Ghidinelli, diretor interino do Departamento de Prevenção, Controle e Eliminação de Doenças Transmissíveis da OPAS, em nota
“Precisamos envolver a comunidade e apoiar os profissionais de cuidados primários com treinamento e suprimentos críticos para administrar a doença”, complementa.
Quais os sintomas da doença de Chagas? A doença de Chagas é provocada pelo parasita Trypanosoma cruzi, transmitido principalmente aos seres humanos pelas fezes contaminadas de insetos conhecidos como barbeiros. O percevejo, ao picar o homem, elimina o parasita nas fezes, levando à contaminação.
No entanto, de acordo com a Opas, a transmissão pode ocorrer também por transfusão de sangue ou transplante de órgãos, consumo de alimentos contaminados, durante a gravidez e o parto.
A SBC aponta que essas outras formas de contaminação têm crescido e que, no Brasil, os casos de Chagas congênita (passada de mãe para filho), afeta um bebê a cada mil mães com a doença.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 70% daqueles que carregam o parasita permanecem de duas a três décadas na forma chamada de assintomática ou indeterminada da doença. Ainda assim, é importante estar atento aos sinais, que são:
– Febre prolongada (mais de 7 dias);
– Dores de cabeça;
– Aparecimento de gânglios;
– Crescimento do baço e do fígado;
– Alterações elétricas do coração;
– Inchaço na face ou nos membros;
– Fraqueza intensa;
– Manchas vermelhas na pele;
– No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local;
– Inflamação das meninges nos casos graves.
Segundo a fundação, na fase aguda, os sintomas duram de três a oito semanas. Na crônica, os sintomas estão relacionados aos distúrbios no coração, no esôfago e/ou no intestino consequentes de complicações da doença.
Como é feito o diagnóstico da doença de Chagas? No caso de sintomas, especialmente após uma picada pelo barbeiro, é importante buscar um médico especialista para identificar se pode se tratar de uma suspeita para a doença de Chagas.
Segundo o Ministério da Saúde, na fase aguda, quando ocorrem os sinais, essa análise é baseada nas queixas e em fatores epidemiológicos, como a ocorrência de surtos na região, tratar-se de áreas endêmicas ou viagens recentes a essas localidades.
Para confirmar a infecção, a presença do parasita pode ser observada por meio de um exame de sangue comum. Existem métodos de análise diferentes a depender da fase da doença (aguda ou crônica), mas todos envolvem a coleta do material biológico.
No caso da doença crônica, o médico pode solicitar ainda exames de imagem, como radiografias, ultrassonografias e eletrocardiogramas, para avaliar as possíveis complicações nos órgãos que costumam ser mais acometidos. As informações são do jornal O Globo.