Quarta-feira, 15 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2021
Mais de 10.000 espécies de plantas e animais correm o risco de extinção devido à destruição da floresta amazônica – 35% da qual já foi desmatada ou degradada, segundo esboço de um relatório científico divulgado nesta quarta-feira (14).
Produzido pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA, sigla em inglês), o relatório de 33 capítulos reúne pesquisas sobre a maior floresta tropical do mundo de 200 cientistas ao redor do globo. É a avaliação mais detalhada do estado da floresta até agora e deixa claro tanto o papel vital da Amazônia ao clima do mundo quanto o profundo risco que está sofrendo.
Reduzir o desmatamento e a degradação da floresta a zero em menos de uma década é crucial, disse o relatório, que também pede por um grande reflorestamento em áreas já destruídas.
A floresta tropical é um baluarte vital contra as mudanças climáticas pelo carbono que absorve e pelo que armazena. Segundo o relatório, o solo e a vegetação da Amazônia guardam 200 bilhões de toneladas de carbono, mais de cinco vezes todas as emissões anuais de CO2 do mundo.
Além disso, a contínua destruição causada pela interferência humana na Amazônia coloca mais de 8.000 plantas endêmicas e 2.300 animais em alto risco de extinção, acrescentou o relatório.
A ciência mostra que os humanos enfrentam riscos potencialmente irreversíveis e catastróficos devido a múltiplas crises, como as mudanças climáticas e o declínio da biodiversidade, afirmou a professora da Universidade de Brasília Mercedes Bustamante, durante uma discussão virtual do painel.
“Há uma pequena janela de oportunidade para mudar essa trajetória”, afirmou Bustamante. “O destino da Amazônia é central à solução das crises globais.”
No Brasil, o desmatamento cresceu desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, chegando à maior taxa em 12 anos no ano passado e gerando críticas internacionais de governos estrangeiros.
Alerta
A Amazônia registrou 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento em junho, recorde para o mês em toda a série história, que começou em 2015. No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019.
Os dados são do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As informações são da agência de notícias Reuters.