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Literatura Marina Colasanti: “Envelhecer não é fácil. É bonito, mas são muitas as despedidas”

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Marina Colasanti acaba de completar 86 anos. (Foto: Divulgação)

Marina Colasanti acaba de completar 86 anos. Lê mais do que escreve, flutua entre o mundo polarizado, prefere o presente ao passado – apesar dos golpes da vida. Quando conversou com o jornal O Estado de S. Paulo no seu aniversário de 80 anos, em 2017, a escritora falava com uma espécie de sensação de missão cumprida: não tinha medo da morte, porque as filhas estavam bem e criadas. Mas então o inimaginável aconteceu, e Fabiana, sua primeira filha, morreu no início de 2021, nove meses depois de descobrir um câncer.

“Confesso que envelhecer não é das coisas mais fáceis, é bonito, emocionante, faz parte da vida, mas têm sido muitas as despedidas. E nesse contexto, o que me resta é a iminência preciosa do momento presente”, diz a escritora em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Marina está sendo homenageada com uma antologia de contos, microcontos, crônicas, poemas e ensaios escolhidos e organizados por Vera Maria Tietzmann Silva para celebrar os seus 50 anos de carreira literária. A autora não teve participação na seleção dos textos que compõem A Disponibilidade da Alma, lançamento da FTD, mas ficou feliz com o resultado. “Eu me surpreendi com textos, me comovo, fico surpresa. É bom olhar para trás e contemplar o que se fez.”

– Desde a última entrevista, lá se vão seis anos. Vivemos uma pandemia. A senhora perdeu uma filha. Ganhou um neto. Como avalia esses anos? “Não avalio nada. Apenas sinto. Nesses seis anos muito se passou e não foi só o tempo. Muitos desafios, tanto no âmbito pessoal, quanto no coletivo. Grandes golpes. Meu neto é sem dúvida um alento.

– A sra. ganhou alguns dos mais importantes prêmios – do Machado de Assis ao Jabuti, passando pelo Ibero-americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, e foi indicada para o Hans Christian Andersen. Isso importa, já importou? “Claro que é muito gratificante, mas nunca trabalhei especificamente para isso. Minha motivação sempre foram as ideias, os textos, os livros, eles sempre se impuseram. Os meus temas não são passageiros nem pretendem agradar. Quando comecei a escrever os chamados contos de fada, nos anos 1970, ninguém estava prestando atenção a esse gênero, mas eu simplesmente precisava escrever aqueles contos. Cheguei a uma idade em que ter a minha estrada vista, enaltecida, representa um ponto avançado de um ciclo, que é a minha própria vida dedicada à literatura. É muito bom.

– O que importa para a senhora hoje? “Gosto de estar com amigos, os que ainda restam, de estar com minha filha, brincar com o meu neto, simplesmente olhar para ele, viajar para nosso sítio, ver as cerejeiras em flor. Acho que agora o que mais importa não tem forma, nem matéria: bem-estar, calor, amor, delicadeza e afetos bons.

– Aproveitando o título de uma crônica sua, o que a senhora sabe, mas não devia? Com o que a gente se acostuma e com o que não dá para se acostumar nunca? “A morte dos outros. E também não dá para se acostumar jamais com a bestialidade, a brutalidade, as injustiças sociais, guerras, a desumanização, opressão das minorias, violência contra a mulher. Trabalhei a vida toda em prol das mulheres, – como jornalista, escritora e cidadã. Os últimos anos têm sido de um revisionismo muito bem-vindo. Eu sei que ainda há muito chão pela frente, mas gostaria que fosse diferente, gostaria de ter chegado a viver em um mundo mais plácido, mais gentil. Não foi possível.

– Tem lido mais, ou escrito mais? Ou pintado? “Lido mais. Sempre li o tempo todo, mas hoje leio mais que escrevo. Já faz alguns anos ilustrei meu último livro. Cheguei ao alto da montanha e estou contemplando.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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https://www.osul.com.br/marina-colasanti-envelhecer-nao-e-facil-e-bonito-mas-sao-muitas-as-despedidas/ Marina Colasanti: “Envelhecer não é fácil. É bonito, mas são muitas as despedidas” 2023-11-24
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