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Saúde Médicos recorrem à morfina e outros opioides em casos graves de varíola dos macacos

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Lesões na pele causadas pela varíola do macaco podem provocar dor intensa e até insuportável. (Foto: Reprodução)

Médicos têm recorrido à morfina e outros opioides para manejar a dor de pacientes com quadros graves da varíola dos macacos. Esses diagnósticos geralmente levam à internação e têm sido mais comuns em pessoas com lesões na região genital ou perianal. Outros casos raros também começam a surgir e podem levar à morte ou à cegueira com inflamações do pulmão, do cérebro e das córneas.

Segundo o balanço mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), 7,8% de todos os casos relatados até hoje levaram à hospitalização. Para ser classificado assim, o quadro pode ser caracterizado por uma ou mais lesões que aumentam de tamanho a ponto de a dor ser descrita como insuportável.

Nesses casos, o uso de paracetamol ou analgésicos clássicos como a dipirona e o tylenol não surte efeito e a maioria dos pacientes precisa receber morfina ou outro opioide como o tramadol (vendido apenas sob prescrição médica) de forma intravenosa.

“A resposta que os analgésicos têm nos casos graves é bastante pobre e frustrante”, aponta o infectologista Rico Vasconcelos, do Hospital das Clínicas. “A opção de escalar para os opioides, como codeína e tramadol, também é uma ideia ruim se for caso de lesão anal ou perianal, porque eles podem causar eventos adversos como a obstipação (ressecamento das fezes). Ao tentarmos tirar a dor do paciente, ele acaba tendo mais.”

Dados do Dados do Ministério da Saúde apontam que quase 60% dos pacientes registrados até agora apresentaram ferida genital. Já os médicos relatam que os casos graves da varíola dos macacos estão comumente associados às lesões nessa região, na perianal e, principalmente, anal. “São essas que levam mais o paciente para a dor incurável e intratável”, aponta Araújo.

Faltam remédios

Ainda não há acesso a remédios específicos contra a varíola dos macacos ou expectativa de receber doses suficientes para atender a uma grande demanda. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já dispensou a obrigação do registro de importação para medicamentos e vacinas relacionados à varíola dos macacos, em uma tentativa de acelerar o acesso do Brasil às poucas doses disponíveis no mundo.

A situação, aponta o infectologista, é da mesma escassez de ferramentas próprias que o Brasil sofreu para combater o coronavírus. Ao longo da pandemia, o País dependeu da importação de insumos e doses, enquanto o desenvolvimento de tecnologias brasileiras até hoje não saiu do papel. No caso da monkeypox, o cenário é agravado pela falta de fármacos voltados especificamente para este tipo do vírus, uma vez que a única vacina e o único medicamente foram criados para tratar a varíola humana (smallpox).

Com isso, o enfrentamento à varíola dos macacos no Brasil volta a depender do fundo rotatório da Opas, braço da OMS na América Latina, para ter vacinas e medicamentos indicados para a doença. O principal desafio é que, novamente, há uma “alta demanda em muitos países”, como lembrou o diretor-geral da OMS em seu último pronunciamento sobre o surto, na quarta-feira, 17.

Inflamações

Alguns casos raros de varíola dos macacos não podem depender apenas do passar do tempo. Enquanto os “graves” ainda são minoria, a doença já se manifestou em pelo menos outros três quadros “fora da curva”, com evolução de inflamações no cérebro (encefalite), pulmão (pneumonite) e córneas (ceratite), também mencionados na literatura internacional sobre o novo surto.

Para esses pacientes nos quais os sintomas e desdobramentos da doença podem colocar a vida ou a visão em risco, os governos estadual e federal têm tentado importar doses específicas por meio do “uso compassivo”.

Na lista de pedidos para “uso compassivo”, estão três remédios: o Tecovirimat, desenvolvido para a varíola humana mas recomendado pela OMS – a Opas, braço da entidade para a América Latina, prometeu 50 doses desse tipo ao Brasil; o antiviral Brincidofovir, usado contra outros vírus do tipo Orthopoxvirus; e o Cidofovir, que também existe na forma de colírio e é mais utilizado para complicações oftalmológicas em pacientes com HIV/Aids.

Apesar de não terem recomendação específica pela OMS ou registro na Anvisa, a FDA (Food and Drugs Administration, agência reguladora dos Estados Unidos criou protocolos recentes para o uso de ambos em pacientes da varíola dos macacos, alertando também que eles podem causar efeitos adversos. “Nosso objetivo é manejar a dor e o conforto, com cuidados locais, para preservar a vida do paciente e depois diminuir dores e sintomas”, explica Uip. “Mas esse vírus ainda vai trazer surpresas.”

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