Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2025
A prevalência dessa condição varia entre 36% e quase 90% nas mulheres em peri e pós-menopausa.
Foto: FreepikNos últimos anos, o bem-estar feminino na menopausa tem recebido maior atenção. Com o avanço das pesquisas e o aprimoramento do conhecimento dos profissionais de saúde, a qualidade de vida desse público vem melhorando. Entretanto, ainda há questões que impactam significativamente essa fase e permanecem pouco discutidas, como a síndrome geniturinária. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrago), a prevalência dessa condição varia entre 36% e quase 90% nas mulheres em peri e pós-menopausa.
“O impacto da síndrome geniturinária na qualidade de vida é grande, mas muitas mulheres evitam falar sobre o tema por vergonha, desinformação ou por acreditar que os sintomas são naturais e inevitáveis com o envelhecimento. O resultado é um sofrimento silencioso diante de uma condição com diversas opções de tratamento”, alerta o ginecologista Igor Padovesi, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e autor do livro Menopausa Sem Medo.
O problema pode surgir logo no início da menopausa ou em fases posteriores e não se restringe à incontinência urinária, apesar de esta ser uma das manifestações. “A síndrome também provoca ressecamento vaginal, dor durante o sexo, coceira e infecções urinárias recorrentes”, explica o médico. A origem está na queda dos níveis de estrogênio na região genital, que provoca afinamento e ressecamento dos tecidos da vagina, uretra e bexiga.
Igor destaca que há tratamentos eficazes. “Hidratantes e lubrificantes vaginais são opções básicas, que aliviam o ressecamento e trazem conforto durante o ato sexual, mas têm efeito pontual”, pontua. A abordagem mais eficiente é o uso local de estrogênio, aplicado via vaginal em cremes ou comprimidos, que recupera a saúde dos tecidos afetados:
“Estudos recentes confirmam a segurança do tratamento, inclusive para mulheres com histórico de câncer de mama, embora essa condição ainda seja considerada contraindicação em alguns casos. Para a maioria, o uso local é seguro e indicado mesmo quando a terapia hormonal sistêmica não é recomendada.”
Além disso, o especialista cita tecnologias como laser e radiofrequência intravaginal, que estimulam a regeneração dos tecidos e a produção de colágeno com resultados comparáveis ao hormônio: “O protocolo típico inclui três sessões com intervalos de 30 a 40 dias, seguidas de manutenção anual.”
O uso dessas tecnologias também pode beneficiar mulheres que já realizam terapia hormonal sistêmica, pois sintomas vaginais podem persistir mesmo com o tratamento oral, transdérmico ou por implante. “Nesses casos, a combinação do estrogênio local com essas técnicas auxilia na manutenção da saúde urogenital e da sexualidade durante a menopausa e pós-menopausa”, conclui.
(Com O Globo)