Quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2018
Morreu na quinta-feira (27), na Colômbia, a segunda testemunha que prestaria depoimento nas investigações do escândalo Odebrecht no país. Rafael Merchán, de 43 anos, foi encontrado sem vida em seu apartamento, em Bogotá.
A empreiteira brasileira teria pago, segundo declarou ao Departamento de Justiça dos EUA, US$ 11 milhões (R$ 42,6 bi) em subornos e caixa 2 a candidatos. Investigação da procuradoria-geral do país, porém, vem apontando que o valor seria muito mais alto — 84 bilhões de pesos (R$ 87,9 milhões).
Depois da morte misteriosa de Jorge Enrique Pizano, cujo corpo foi encontrado sem vida em sua chácara e as investigações ainda não levaram a uma conclusão definitiva, a morte de Merchán, um ex-funcionário do governo Juan Manuel Santos (2010-2018), traz mais interrogações às investigações.
Merchán era advogado, e havia atuado como secretário de Transparência e outros cargos dentro do Ministério do Interior, além de ter atuado como cônsul em Londres. Estava convocado a prestar depoimento em favor do ex-presidente da Agência Nacional de Infraestrutura, Luis Fernando Andrade, acusado de estar envolvido no escândalo Odebrecht.
A família de Merchán, porém, divulgou um comunicado aos meios dizendo que a morte tinha sido um suicídio, “uma decisão pessoal e autônoma”, e pediu que a imprensa respeitasse o luto da família. De todo modo, o corpo está passando por uma autópsia cujo resultado deve ser revelado até este sábado (29).
Depoimento
O testemunho de Merchán endossaria a versão da defesa do ex-presidente da ANI, Luis Fernando Andrade, de que ele não era ligado à Odebrecht. Isso porque Andrade foi ao escritório do então secretário de Transparência para pedir que a construtora brasileira fosse investigada por uma possível cartelização em contratos com a agência.
Durante o período que esteve na Secretaria de Transparência, Merchán trabalhou no Comitê Antissuborno da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico em projetos ligados ao combate à corrupção.
Em fevereiro de 2018, o governo da Colômbia determinou o encerramento do contrato de US$ 1,7 bilhão com 1 concessionária, da qual a Odebrecht faz parte, para a construção de uma via de 500km que une o centro do país ao Caribe.
No início de dezembro, a empreiteira brasileira foi multada por atos de corrupção. Segundo a Procuradoria colombiana, a Odebrecht pagou cerca de US$ 28,35 milhões (84 bilhões de pesos) para obter o contrato para a rodovia Rota do Sol II.
O ex-presidente da ANI Luis Andrade, a favor de quem Merchán iria depor, é acusado de conflito de interesses no fechamento de contratos para a realização das obras.