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Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2018
Segundo o Ministério da Saúde, até as 9h de quarta-feira (19), 8.411 médicos completaram a inscrição no programa Mais Médicos. Destes, 5.972 compareceram ou iniciaram as atividades nas localidades, o que significa que, mesmo com um prazo maior, 29% dos médicos não se apresentaram nos locais de trabalho. Os que se apresentaram, encontram sobrecarga de pacientes.
Conforme o jornal Folha de S. Paulo, que ouviu médicos e funcionários de saúde em 17 cidades brasileiras onde mais se abriram vagas de cubanos – em sua grande maioria, locais de difícil acesso, sem atrativos para a carreira médica como universidades ou grandes hospitais próximos – existe o temor de abandono do programa.
Alguns gestores temem que os novatos abandonem o Mais Médicos em poucos meses. “Eles têm plantão em outros lugares. Disseram que podem desistir se não conseguirem conciliar”, diz o secretário de Saúde do município Brejo da Madre de Deus, José Edson de Souza.
Os substitutos de cubanos lidam com receitas médicas atrasadas e desafio de cumprir carga horária.
Enquanto a situação não volta ao normal, a saúde ainda está em alerta nesses locais. Alguns municípios diminuíram o horário de atendimento nos postos, transferiram pacientes e precisaram fazer rodízio de equipes médicas.
Cruzeiro do Sul, no Acre, sem 8 dos 12 médicos, teve a demanda aumentada nos hospitais. Em Duque de Caxias, cidade historicamente violenta na região metropolitana do Rio, 4 das 13 vagas disponíveis também não foram ocupadas.
Em Euclides da Cunha, na Bahia, 11 das 16 vagas foram ocupadas até a última sexta-feira (14), os outros cinco ainda não se apresentaram. Vieram de vários Estados, até de Rondônia. Até o fim da última semana, das 19 vagas abertas em Dseis (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) da Bahia, dez médicos haviam se inscrito mas desistiram, e um disse que só se apresenta em janeiro.
Em Itapajé –distante 129 quilômetros de Fortaleza–, dois inscritos desistiram, das 13 vagas disponíveis, um deles porque foi aprovado numa residência médica.
Um ponto observado é que em algumas cidades há uma migração de profissionais da rede municipal para o Mais Médicos.
Em Tucuruí, no Pará, por exemplo, 9 das 13 vagas foram preenchidas, mas só cinco substitutos chegaram. E dos inscritos, três deles migraram do emprego na própria rede municipal para o Mais Médicos, desfalcando a rede.
Em Marechal Thaumaturgo, no Acre, as quatro vagas abertas pela saída dos cubanos não haviam sido preenchidas até a última sexta-feira (14). Isolado em meio à floresta, a pelo menos sete horas de lancha da cidade mais próxima, apenas um médico serve à população da cidade, que tem 14 mil habitantes.
“Minha amiga, a população está abandonada”, diz o secretário de Saúde José Maria da Silva. Um dos quatro médicos aprovados chegou a se apresentar, mas desistiu da vaga no mesmo dia. “É muito longe, isolado. Médico com CRM não vem, não adianta.”