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Mundo O governo chinês tem estimulado os casais a terem filhos, na tentativa de conter a redução de uma população que já vem caindo há sete anos

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Considerada irreversível por especialistas, queda ocorre mesmo com a suspensão da política de filho único e incentivos do governo. (Foto: Freepik)

A população da China caiu pela primeira vez em mais de seis décadas em 2022, fenômeno que especialistas afirmam ser irreversível e cujo impacto terá repercussões globais. A queda, que veio anos antes do previsto por Pequim, é um marco da crise demográfica que se agrava naquele que em breve deve deixar de ser o país mais populoso do mundo, pressionado para acelerar reformas que mantenham o crescimento econômico enquanto a mão de obra encolhe.

A China tinha 1,41 bilhão de habitantes no fim do ano passado, afirmou o Escritório Nacional de Estatísticas: nasceram 9,56 milhões de pessoas, 850 mil a menos que as 10,41 milhões de mortes registradas. É a primeira vez na História moderna chinesa que menos de 10 milhões de bebês vêm ao mundo em 12 meses, seguindo seis anos consecutivos de queda na taxa de natalidade.

É também a primeira contração populacional desde 1961, ano final da fome que matou dezenas de milhões de pessoas durante o chamado Grande Salto Adiante maoista, que começara em 1958. Acredita-se que a draconiana política de covid zero, flexibilizada no mês passado após quase três anos, tenha catalisado o processo, com quarentenas e restrições desencorajando os casais a terem filhos.

As medidas também impactaram o Produto Interno Bruto (PIB) chinês, que expandiu apenas 3% no ano passado, a segunda menor taxa desde os anos 1970. O resultado, contudo, foi melhor que o esperado em meio ao surto desencadeado pelo alívio das regras sanitárias: quase 60 mil pessoas morreram em pouco mais de um mês, segundo dados oficiais divulgados no fim de semana.

A população também envelhece rapidamente: espera-se que 400 milhões de chineses, quase um terço da população, tenham mais de 60 anos em 2035. O governo agia para adiar o salto negativo havia cinco décadas, quando as taxas de fertilidade começaram a cair diante do aumento da renda e de políticas de Estado que restringiam os nascimentos.

A China suspendeu a rígida e famosa política de filho único em 2016, permitindo que as famílias tivessem duas crianças — com isso, a parcela da população com 14 anos ou menos aumentou levemente de 16,6% para 18% nos últimos dez anos, mostrou o censo divulgado no ano passado. O levantamento, contudo, mostrou também que o país teve na década passada sua menor taxa de crescimento anual desde os anos 1950.

Em 2021, a autorização foi expandida para que os casais tivessem três filhos, algo que também não ajudou a reverter a tendência de declínio. Tal qual no Leste da Ásia e na Europa, hoje há entre os chineses uma preferência por famílias menores: fatores como os altos custos de moradia e educação são frequentemente citados como limitantes.

Antes do previsto

Os chineses haviam previsto há menos de um ano, em agosto de 2022, que sua população começaria a diminuir a partir de 2025 — oito meses antes, tinham dito que a previsão de crescimento demográfico para o quinquênio de 2021-2025 seria zero ou “até negativa”. Segundo estimativas da ONU, a Índia deverá ultrapassar a China como nação mais populosa do planeta ainda neste ano.

A ONU previa que a população chinesa atingiria seu pico em 2031 e depois começaria a cair, estimativa que há alguns meses foi revisada para 2022: o país deverá ter 1,31 bilhão de habitantes em 2050 e 767 milhões até o fim do século. A população em idade produtiva já encolhe, e a Previdência Social torna-se um problema cada vez maior frente à explosiva combinação de uma população envelhecida e menos contribuintes.

São mudanças paradigmáticas para um país que se tornou a segunda maior economia e a fábrica do planeta em parte devido à abundância de mão de obra. Segundo os dados divulgados nesta terça, 62% da população do país é economicamente ativa — adultos de 16 a 59 anos — menos que os cerca de 70% de uma década atrás.

Impacto pandêmico

As 10,41 milhões de mortes registradas no último ano constituem um ligeiro aumento da média de 10 milhões nos últimos anos. Parte disso deve-se à disparada nas vidas perdidas para a covid desde dezembro do ano passado, fenômeno que também deve ser visto neste ano, já que o ciclo da doença faz com que o número de mortes leve algumas semanas para refletir o de casos.

O fim abrupto da política de covid zero veio após vários sinais de que o custo de conter a altamente contagiosa variante Ômicron era alto demais. Houve vários incidentes provocados pelo confinamento de trabalhadores em fábricas, e protestos contra as quarentenas foram registrados no final de novembro em campi universitários e cidades como Pequim, Xangai e Cantão.

O que mais pesou para o saldo populacional negativo, contudo, foi a queda da taxa de natalidade. O número de recém-nascidos por cada mil pessoas caiu para 6,77 no ano passado, a menor taxa desde 1978. O número de mulheres em idade fértil, dos 15 aos 49 anos, contraiu em mais de 4 milhões.

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