Segunda-feira, 08 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2025
Paolla Oliveira define como uma “crise gigante” o momento mais difícil em que enfrentou duras críticas sobre seu corpo. Em entrevista à jornalista Maria Fortuna no videocast ‘Conversa vai, conversa vem’, no ar no perfil do Globo no Youtube e no Spotify, a atriz de 43 anos, que se tornou uma voz importante na defesa pela diversidade de corpos, lembrou os efeitos das cobranças sobre ela e revelou como conseguiu se libertar delas. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.
– Já disse que antes acreditava quando diziam que seu quadril era grande, seu braço era enorme. O que foi fundamental para parar de acreditar e não se calar mais diante das críticas ao seu corpo? “O inferno que se tornou a minha vida. O desagrado, a insuficiência. Quando se coloca uma roupa em que se sente bonita e não está bonita para os outros. Quando ia fazer um trabalho e me perguntavam sobre quantos quilos ia emagrecer e não sobre o personagem. O carnaval era sobre a dieta que faria. Respondia no modo sobrevivência, tipo: ‘Sabem mais que eu, preciso responder’. Uma hora era bonita, outra hora não era mais. Aqui era padrão, ali era gorda. Foi uma confusão tão grande que falei: ‘Não quero mais’. Foi uma crise gigante.”
– Onde encontrou escuta? “Na internet, esse lugar complexo que é porta de muita gente para identificação. Começou o movimento de mulheres se mostrando, de diversidade, falei: ‘Existe outro caminho, existe quem eu sou’. Comecei a me reconhecer e falar ‘preciso estar de acordo com o que penso e não com a expectativa dos outros’. Foi libertador. A régua continua cruel demais, temos que ser mais magra, mais jovem, mais bonita. Mas a partir do discurso posto, conseguimos arrumar lugar de mais conforto. O ano mais lindo foi o da onça, quando fiz vídeo falando: ‘Quero que se dane meu peso, a dieta que vou fazer, não vou fazer nada, parem de me perguntar’.”
– Com é ouvir de mulheres: “Passei a usar biquíni por sua causa”? “Um misto de responsabilidade, alegria e felicidade com uma vontade de não parar de falar. O tempo inteiro eu ouço: ‘Paolla está falando disso de novo? Logo ela que usufruiu tanto desse lugar?’. A gente não pode parar de falar, sabe por quê? Quando a gente sai das nossas bolhas, encontra mulheres que precisam ouvir que podem ser livres em relação a várias coisas, inclusive aos corpos. Vou continuar falando.”
– Em 2021, fez uma sessão de fotos para a Revista Ela em Photoshop. Parece ter sido um caminho de volta. Ainda tem que brigar muito para as suas fotos saírem sem quererem afinar a sua perna? “Muito, é inacreditável! O discurso é válido, porém, na prática, vai demorar um bom tempo para se realizar. Até hoje as pessoas me escolhem por eu ser quem eu sou e, na hora em que estou lá, querem que eu seja outra. Por isso eu digo que temos que alinhar o discurso com as atitudes. Como a gente vai achar bonito uma coisa que não conhece? A gente precisa colocar outras imagens para que as mulheres se reconheçam.”
– Acha que quando a gente se permite ser de verdade, as pessoas percebem? “Super. A liberdade de escolha de ser quem se é, de envelhecer, de emitir opinião, você vai carregar com você. Ser linda, jovem, sexy, passa, e aí, é igual a fracasso. É preciso estar de acordo com o que acha da vida e de você. Servir a expectativa do outro é um peso danado, e muda rápido, é uma construção que faz com alicerce fora de você, e isso não cria um bom edifício.” As informações são do jornal O Globo.