Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2024
O evento, que deve reunir milhares de pessoas, conta com cinco trios elétricos
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilAdiada em razão das enchentes de maio, a 17ª Parada de Luta LGBT+ de Porto Alegre tem sua realização a partir do meio-dia deste domingo (1°), no Parque da Redenção. O destaque da programação é uma caminhada com início às 15h e sob acompanhamento de cinco trios elétricos, em direção a palco especialmente montado na Usina do Gasômetro para performances artísticas, manifestações de ativistas e autoridades.
O evento é tradicionalmente no domingo mais próximo ao Dia Internacional do Orgulho LGBT (28 de junho). De acordo com a organização, trata-se maior parada do gênero no Brasil. O tema deste ano é “Solidariedade à Diversidade” – serão angariadas doações de alimentos não perecíveis para organizações não governamentais e instituições de apoio aos atingidos pela maior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul.
Situação
Uma pesquisa inédita, divulgada há menos de um mês, alerta para a desigualdade no desenvolvimento de políticas públicas para o segmento LGBTI+ em todas as capitais do País. A Região Nordeste se destaca com quatro cidades nos cinco primeiros lugares, em um ranking liderado por São Paulo.
O cenário geral é motivo de preocupação: 13 das 26 cidades avaliadas não têm conselho municipal ou órgão para articular e gerenciar ações governamentais voltadas à população LGBTI+.
Por meio de pesquisa documental e solicitações de informações, o mapeamento teve por base estatísticas sobre iniciativas oficiais em prol da cidadania e dos direitos do segmento. A seguir, algumas conclusões:
– 15 das 26 capitais (58%) avaliadas possuem órgão gestor de políticas públicas LGBTI+.
– 13 capitais (50%) não possuem Conselho LGBTI+ e oito (31%) não contam com qualquer política desse tipo ou atuação de órgão gestor, conselho municipal e plano/programa com orçamento.
– Das 15 que possuem orgão gestor, apenas 6 possuem Programa e três têm plano específico para implementação de políticas públicas LGBTI+.
– Somente 5 capitais (19%) possuem diretrizes orçamentárias completas no plano plurianual 2022-2025 voltadas para prevenção, operação, atendimento específicas de políticas públicas LGBTI+.
Com a palavra…
Para o coordenador geral do mapeamento, Cláudio Nascimento, “os dados demonstram que há uma grande disparidade entre as capitais no desenvolvimento de políticas públicas para combater o preconceito e promover direitos da população LGBTI+. Mais da metade das cidades ainda estão em um ciclo frágil de desenvolvimento ou de inexistência de políticas públicas efetivas”.
Ele acrescenta: “Esse mapeamento pode ajudar a sociedade civil e o Movimento LGBTI+ a atuar junto aos governos de cada capital para que estes busquem implementar políticas públicas e melhorar os indicadores onde há ações em desenvolvimento, pois mesmo as cidades com melhor colocação ainda não possuem desenvolvimento pleno”.
Nascimento, que é diretor da Aliança Nacional LGBTI+ e presidente do Grupo Arco-Íris, destaca a importância desses dados para pautar o debate por cidadania da comunidade LGBTI+ nas eleições municipais:
“Tomara que essa pesquisa contribua para chamar atenção da sociedade e do poder público pois temos ainda muito por fazer para erradicar a violência e garantir direitos. Quando governos não implementam políticas públicas efetivas, pessoas da comunidade LGBTI+ ficam à margem, com a sua cidadania comprometida, sofrem preconceitos, violências e não acessam igualmente serviços de saúde, educação, segurança, direitos e oportunidades”.
(Marcello Campos)