Brasil Pesquisador diz que dez anos é prazo muito longo para a vacina contra o zika
Por Redação O Sul | 28 de março de 2016
Primeiro laboratório a desenvolver uma vacina contra a dengue, a empresa francesa Sanofi Pasteur quer aproveitar a experiência para sair na frente no desenvolvimento de um produto contra o vírus zika. Chefe do programa de pesquisa e desenvolvimento da vacina contra dengue da companhia, Nicholas Jackson esteve no Brasil para definir o processo. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele revelou que os testes em animais devem começar até junho.
A Sanofi Pasteur iniciará pesquisas de uma vacina contra o zika. Como está este processo?
Temos a experiência de três vacinas contra flavivírus: febre amarela, encefalite japonesa e, agora, dengue. Sobre o zika, provavelmente estamos olhando a ponta do iceberg. Existe um potencial de que cause sequelas mesmo em crianças sem sintomas. A microcefalia é fácil de ver, mas existe uma preocupação de que crianças que parecem saudáveis desenvolvam problemas neurológicos por causa do zika.
Como será o desenvolvimento da vacina?
Precisamos do engajamento das agências regulatórias e de especialistas para ter certeza de que nosso plano é robusto e nos permitirá ir de forma confiável para os estudos clínicos (com humanos). Considerando que a ChimeriVax foi testada em 15 mil indivíduos e a Dengvaxia (vacina contra a dengue), em 45 mil, temos 60 mil pessoas nas quais essa tecnologia foi atestada segura. A vacina contra o zika usará a mesma tecnologia da ChimeriVax.
Em quanto tempo poderíamos ter uma vacina contra o zika?
É muito cedo para dar datas precisas. O desenvolvimento de uma vacina pode levar dez anos, mas esse prazo é muito longo para o vírus zika em um contexto de emergência. O potencial dessa doença em devastar famílias e comunidades é real.
A Anvisa deu registro para a Dengvaxia no Brasil, mas especialistas criticam o fato de ela não ter alta eficácia contra todos os tipos de vírus da dengue…
Há evidências de que a vacina pode prevenir 80% das hospitalizações. Então não concordo que essa vacina não tenha potencial. Em São Paulo, onde houve um surto de dengue, foram usadas tendas para atender as pessoas. Se você pode prevenir 80% dos casos de hospitalização, é um enorme ganho para a saúde pública. (AE)
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