Quinta-feira, 16 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2015
A publicitária Danielle Cunha transita com livre acesso no plenário e em alguns gabinetes da Câmara dos Deputados, onde atua como captadora de clientes – todos parlamentares. Ela oferece trabalho de assessoria e divulgação de mandatos –marketing político. Danielle, 28 anos, é filha do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Desde que seu pai assumiu a Câmara, a publicitária conquistou as contas de, pelo menos, três deputados aliados de Cunha. Nesse período, eles desembolsaram 102,6 mil reais da cota parlamentar a qual têm direito para pagar a empresa Popsicle Digital Flavours, a qual Danielle é ligada.
Os assessorados de Danielle são o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB) – acusado por colegas de preservar Cunha na comissão –; André Fufuca (PEN-MA), outro aliado e que acaba de ser indicado para uma sub-relatoria na Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES; e Danilo Forte (PMDB-CE), que atuou na campanha para fazer o peemedebista presidente da Câmara. Eles dizem que contrataram Danielle por sua competência e negam qualquer influência de Cunha no fechamento do negócio. Desse total pago até agora, 50 mil reais foi por assessoria a Motta; 27,6 mil reais a Fufuca; e 25,080 mil reais para Forte.
Michell Yamasaki
Danielle transita pela Câmara sempre ao lado do publicitário Michell Yamasaki Verdejo, que aparece como dono da Popsicle. Sempre juntos, eles vão aos gabinetes de parlamentares aliados vender o serviço. Na nota fiscal emitida pela empresa aparece descrito o tipo de trabalho prestado: assessoria com foco na elaboração e na revisão de textos, boletins informativos para divulgação do trabalho parlamentar em sites, rádios, TVs e jornais. Na Câmara, utilizam também, como nome da empresa, DTBS (Design Thinking Branding Solutions). Os dois são responsáveis por “novos negócios”. Há também dois gerentes, de projeto e conteúdo, e uma coordenadora de mídias sociais. “Atuo na linha de frente. Recebo salário e prospecto trabalhos. Não necessariamente me ajuda [o fato de Cunha ser o presidente da Câmara]. Até pode atrapalhar”, diz Danielle. (Evandro Éboli/AG)