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Economia Richard Thaler ganhou o Prêmio Nobel de Economia falando sobre coisas tolas

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O economista americano Richard Thaler, da Universidade de Chicago, recebeu o Nobel de Economia 2017. Ele desenvolveu a teoria da contabilidade mental. (Foto: Reprodução)

Richard H. Thaler ficou sabendo na manhã de segunda-feira que recebera o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas por suas “contribuições para a economia comportamental” – um campo que ele ajudou a criar. Thaler, professor na Universidade de Chicago, também escreve a coluna Economic View para The New York Times, que eu edito. Então, ao amanhecer, logo após o anúncio do Nobel, enviei-lhe um e-mail. “Bravo!!!”.

Também lembrei a ele que sua coluna era aguardada naquela manhã. “Feliz em conversar! ” Ele respondeu. “Sem coluna esta semana !!!”. Razão pela qual acabamos conversando por telefone. Falamos do prêmio, é claro -, mas também de sua curta carreira no cinema, sobre como ele começou na economia comportamental e as peculiaridades humanas que constituem o trabalho de sua vida.

1) Como você vai? Ouvi dizer que ganhar um Nobel é estressante.

Ontem foi um longo dia e estou começando a perder a voz. Você é a última pessoa com a qual vou conversar, e depois vou ao jogo do Cubs.

2) Já que você não pode terminar a coluna, diga-me algo interessante. Talvez possamos usá-lo em vez dela. Por exemplo, como você escolheu essa coisa de economia comportamental?

Minha carreira começou com castanhas de caju. Coloquei numa tigela e as escondi na cozinha.

3) Qual o sentido profundo da castanha de caju?

Você sabe que sou vítima de todas as coisas sobre as quais eu falo. Castanha de caju? Elas são um problema de autocontrole. Eu tinha colegas de quarto. Estávamos comendo as castanhas muito rapidamente. Na realidade, havia dois problemas – comer demais, isso é autocontrole, além de miopia.
4) Onde entra a miopia?

O jantar vai chegar em 20 minutos. Você sabe disso, mas não consegue parar de comer. Mas eu encontrei uma resposta. Se castanhas não estiverem à sua frente, você fica menos tentado de comê-las. Na verdade, se você precisar levantar e ir até a cozinha – como naquela casa enorme em que eu vivia como estudante de graduação em Rochester – você acaba não comendo exageradamente.

5) O dinheiro Nobel: você já começou a gastá-lo?

O que eu fiz foi uma espécie de piada sobre isso. Disse que iria gastá-lo da forma “irracional possível”. O Prêmio Nobel vai ser “dinheiro para diversão” – para uma ocasião, quando minha esposa e eu quisermos uma garrafa de vinho de US$ 50. “Dinheiro para diversão” é outra coisa que não faz sentido para os economistas tradicionais. Porque existe apenas dinheiro; não há “dinheiro divertido”. Tudo deve ser o mesmo. O que me leva à “contabilidade mental”. Provavelmente é o que me tornou mais conhecido.

6) Como você explicaria isso?

A melhor explicação, na verdade, está em um vídeo no YouTube com Gene Hackman e Dustin Hoffman. Você deveria usá-lo.
7) Ajude-me. O que é contabilidade mental?

Bem, Hackman diz que quando ambos eram jovens atores ele estava na casa de Dustin Hoffman e Hoffman pediu-lhe um empréstimo. Hackman entra na cozinha e vê todos os frascos com rótulos – “entretenimento” e “livros” e “aluguel” – e todos têm dinheiro dentro. Exceto um, o que diz “comida”. Então ele diz a Hoffman: “Você tem muito dinheiro, por que precisa de dinheiro? ”. E Hoffman responde: “não há dinheiro na jarra de comida. Não consigo tocar no outro dinheiro. ” Eles riem, continuam, são engraçados, mas você sabe, é sério. Porque todos nós fazemos isso. Isso é contabilidade mental – colocar dinheiro em diferentes potes em sua cabeça.

8) Uma coisa estúpida de se fazer?

Em algum nível, você pode pensar nisso como estúpido, como violar o pressuposto básico do economista de que o dinheiro é fungível (que pode ser substituído por outro de mesma espécie, qualidade e quantidade). Essa é uma boa palavra do New York Times.

9) Sim. O dinheiro é dinheiro. É tudo a mesma coisa. Então, colocá-lo em caixas mentais não é inteiramente burro?

É inteligente. Ajuda. Isso ajuda colocar dinheiro em uma “cesta para aposentadoria”, por exemplo. No caso da previdência privada, 401 (k), o dinheiro é muito “mais pegajoso” do que o dinheiro em outro lugar: ele tende a permanecer lá. O que ajuda as pessoas a pouparem para aposentadoria. Em resumo, na vida cotidiana, não queremos lidar com muitos problemas matemáticos. As pessoas apenas imporão regras gerais, como, por exemplo: não pagarei mais de US$ 30 por uma garrafa de vinho, a menos que seja uma ocasião especial. Então, eu recorro ao “dinheiro para diversão”. E agora, eu tenho uma conta mental para isso: o dinheiro do Nobel.

10) Isso é meio bobo.

Claro que é. Mas essas coisas tolas são o trabalho da minha vida.

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