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Geral Saiba por que a rede de lojas Casas Bahia chegou nessa situação

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Há um longo histórico de impactos que levaram a Casas Bahia a chegar à situação atual. (Foto: Divulgação)

Há um longo histórico de impactos que levaram a Casas Bahia a chegar à situação atual, e é comum nas análises atribuir a maior parte do peso para a alta da taxa básica de juros após 2021 e à crise na Americanas, que contaminou o humor do mercado, e fez disparar a aversão ao setor de investidores e bancos. Não há dúvida de que isso piorou o quadro, mas ambos afetaram dezenas de outras companhias, que sentiram o baque da crise no varejo, mas que não recorreram a recuperações extrajudiciais para sair disso.

Magazine Luiza, Lojas Cem, Fast Shop, Rede Novo Mundo precisaram rever planejamento de três anos para cá e fazer cortes duros nas despesas, e em alguns casos, foram reestruturações profundas. Mas não há no horizonte sinais de piora do quadro financeiro desses negócios.

Isso ocorreu na Casas Bahia porque fatores aceleraram um cenário já complexo, de uma empresa já alavancada no curto prazo e com erros na tomada de ações especialmente em 2022, dizem diversas fontes consultadas de dentro da empresa, e que estiveram na linha de frente na última gestão.

“A freada que todo mundo sentiu em 2022, já com juros em outro patamar, foi mais pesada para a ‘Bahia’ porque ela não teve a disciplina de caixa que deveria ter tido quando tudo mudou em 2021”, resume um ex-executivo da rede, conhecedor das decisões passadas.

O erro ali foi ter desembolsado milhões para construir “coisa demais ao mesmo tempo” no online, num momento em que os rivais faziam o mesmo, e que não deu resultado no curto prazo. E não se sabia ao certo quando isso ocorreria. Para ficar num exemplo, com a operação do banco digital banQi, lançado em meados de 2019, antes da venda da empresa para o empresário Michael Klein e um “pool” de fundos, eram consumidos em caixa R$ 300 milhões por mês, segundo o jornal Valor Econômico.

A aposta no braço de negócios foi mantida pela administração após a venda da empresa para Klein e os fundos, só que, depois disso, o custo do dinheiro disparou a partir de 2021. E a banQi só foi deixar de operar em 2023, após a troca na presidência.

Há um ano, houve a saída de Roberto Fulcherberguer do cargo de CEO e a entrada de Renato Franklin, para iniciar um outro plano de reestruturação na rede.

Outro fato lembrado por fontes refere-se às decisões de aumento de estoque na varejista (que quando não sai da loja, empata dinheiro, pois é custo fixo) no momento em que curva da demanda já dava sinais de desaceleração, no fim de 2021. E a taxa Selic já havia subido de 2% ao ano em janeiro para 8% em outubro de 2021.

“Vai faltar produto com a crise global de insumos na China e estaremos bem preparados, é uma aposta estratégica”, dizia, dois anos e meio atrás, executivos da empresa na inauguração de uma loja de 9 mil metros quadrados na Marginal Pinheiros, para a venda da Black Friday.

A Black Friday de 2021 foi a pior desde 2016, e a Casas Bahia fechou aquele ano com 120 dias de produtos estocados, sendo que o nível normal é de 80 a 90 dias. Estoque alto consome caixa, algo crucial numa rede de varejo.

A companhia só conseguiu reduzir essa linha de estoques, e atingir patamar mais saudável no fim de 2023.

Parecem fatos isolados, ou de menor relevância olhando no detalhe, mas no varejo as coisas não funcionam bem assim.

Uma medida tomada sem o retorno esperado, que se soma a outro, com desempenho abaixo, numa cadeia de situações que se somam muito rapidamente, podem ter efeito nocivo se há qualquer sacolejo no mercado. Imagine num terremoto como foi a disparada da Selic em 2022 e a recuperação judicial da Americanas. Isso bate em cheio em varejistas em situação mais frágil.

“A Americanas só trouxe uma urgência de algo que já não estava indo bem. É possível que sem Americanas, a ‘Bahia’ não entrasse com a recuperação extrajudicial? Sim, é possível, mas ainda teria que gerir um revés grande com a dívida financeira”.

Outro fato teve a ver com a aposta na venda de produtos fora do foco da Casas Bahia, como itens industrializados (higiene e beleza) e de bazar após 2020.

Na época, a empresa mostrou sua loja virtual em horário nobre da TV, em merchandising da novela das 21 horas, como forma de passar a imagem que a rede vendia de tudo um pouco, e não apenas TV e geladeira.

Na teoria, essa venda amplia o tráfego de pessoas nas plataformas e atrai vendas, mas também queima caixa até decolar, e foi mantida por dois anos, até 2022, quando foi ficando insustentável a manutenção.

Somado a isso, outros fatos vistos apenas na Casas Bahia complementaram a crise: também em 2021, a rede anunciou provisões bilionárias na área trabalhista, que não estavam no radar do mercado, e um tema que já não agrada em nada o mercado pelo alto risco das disputas judiciais.

Esse ambiente aumentava a desconfiança em relação ao negócio, gerando perda de credibilidade frente ao mercado, diziam gestores e investidores.

A crítica do mercado hoje é rebatida por quem esteve lá nos últimos anos.

Naquele momento, entre 2020 e 2023, as decisões tomadas (como a aposta na carteira digital e os investimentos no marketplace) eram uma reação aos movimentos da concorrência após a invasão das grandes plataformas on-line no país. A Casas Bahia não poderia ficar para trás, algo que parte dos analistas e investidores também defendiam, vale lembrar, dentro da ideia de ganhos futuros.

A percepção hoje é que, apesar dessa evidência, se demorou muito para puxar o freio de mão e rever medidas de alto custo. E quando isso ocorreu, a crise que avançou sobre o mercado de consumo já estava instalada. As informações são do jornal Valor Econômico.

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