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Economia Sem o auxílio emergencial, a renda dos mais pobres deve cair quase 25%

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Classes D e E devem perder quase um quarto da renda disponível

Foto: Diogo Gonçalves/Prefeitura Campo Grande-MS
Classes D e E devem perder quase um quarto da renda disponível. (Foto: Diogo Gonçalves/Prefeitura Campo Grande-MS)

Moradora da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, a catadora de latinhas para reciclagem Célia da Costa Gomes, de 40 anos, mãe de quatro filhos, com idades de 4, 6, 7 e 10 anos, está preocupada. O leite das crianças e a “mistura” para preparar as refeições acabaram. O gás de cozinha está no fim. A despensa vazia coincide com o fim do auxílio emergencial.

O benefício pago pelo governo desde abril aos brasileiros mais vulneráveis, em razão da pandemia, pode ter uma nova rodada. Mas tudo depende de negociações com o Congresso. Enquanto esse imbróglio não se resolve, a partir deste mês a renda de Célia cai para R$ 410 com o Bolsa Família. Até dezembro, ela recebia R$ 600 por mês por conta do auxílio emergencial.

“Esses R$ 200 a menos fazem muita diferença para quem tem criança”, diz a catadora, que mora numa casa cujo aluguel é pago pela Prefeitura. Antes da pandemia, Célia conseguia chegar a ter renda mensal total de R$ 600, somando o que conseguia com a venda de material para reciclagem e o Bolsa Família. Por semana, tirava R$ 50 com latinhas. Agora, porém, até a reciclagem está difícil. Aumentou muito o número de catadores e ela vê crianças revirando o lixo nas ruas de São Paulo em busca de latinhas. “Sem emprego e sem auxílio (emergencial) fica difícil”, afirma a catadora.

Célia e os filhos são uma das 40 milhões de famílias das classes D e E. Com renda mensal de até R$ 2,6 mil, eles correspondem a 53% dos domicílios brasileiros. Com o fim do auxílio emergencial, inflação em alta, especialmente dos alimentos, e desemprego no maior nível dos últimos anos, essa deve ser a camada da população que mais vai perder renda disponível para consumo neste ano, se o benefício do auxílio não for retomado, aponta um estudo da Tendências Consultoria Integrada. Renda disponível é o dinheiro que sobra para gastar depois de comprar itens básicos.

Renda comprometida

O estudo mostra que as classes D e E devem perder quase um quarto da renda disponível (23,8%) em termos reais em relação a 2020. Serão R$ 48 bilhões a menos circulando entre os mais pobres. No ano passado, no entanto, esse foi o estrato social que teve o maior ganho de renda disponível, com avanço de 16,1% ante 2019 por conta dos auxílios do governo.

Se o quadro for mantido, essa será a maior queda na renda disponível para as classes D e E da série iniciada em 2008. “Não chega nem perto do recuo de 5,4% que houve em 2015”, diz Lucas Assis, um dos economistas responsáveis pela projeção.

O estudo, que levou em conta expectativa de inflação ao consumidor (IPCA) para este ano de 3,4%, crescimento da economia (PIB) de 2,9% e taxa de desemprego atingindo 15,1%, prevê recuo da renda disponível, de 3,7% da população brasileira como um todo em 2021, depois do crescimento de 1,1% em 2020. Exceto os mais ricos, a classe A com um avanço na renda disponível de 1,6% esperado para 2021, os demais estratos devem perder capacidade de consumo. Mas o tombo maior é esperado para os mais pobres.

Normalmente 80% da renda das classes D e E são destinados à compra de itens básicos. O que sobra é gasto com outros produtos e serviços. E, neste ano, essa sobra – R$ 156 bilhões – deve ser a menor dos últimos 13 anos.

Segundo Assis, a renda disponível dos mais vulneráveis deve ser atingida por várias frentes. Uma delas é a persistente alta da inflação dos alimentos, itens que pesam mais no orçamento dessas famílias. Além disso, sabe-se que o desemprego castiga mais os pobres, apesar de não existir uma taxa por camada social. De toda forma, o principal fator apontado pelo economista para esse choque na renda disponível das classes da base da pirâmide social é o fim, por ora, do auxílio emergencial.

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https://www.osul.com.br/sem-auxilio-renda-dos-mais-pobres-deve-cair-quase-25/ Sem o auxílio emergencial, a renda dos mais pobres deve cair quase 25% 2021-01-31
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