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Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2020
Os impactos da combinação de estiagem e pandemia de coronavírus levou o PIB (Produto Interno Bruto) do Rio Grande do Sul a cair 13,7% entre abril e junho, na comparação com o trimestre anterior. Conforme relatório divulgado nesta sexta-feira (18) pela SPGG (Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão), em relação ao mesmo período de 2019 o recuo foi ainda maior: 17,1%.
Ambos os índices de retração são os maiores já registrados desde 2002, quando o governo gaúcho passou a divulgar o cálculo do PIB a cada três meses. Em âmbito nacional, também estão acima das respectivas taxas nacionais, que foram de -9,7% entre o primeiro e o segundo semestres e de -11,4% na base de comparação entre os mesmos períodos em 2019 e 2020.
Já no acumulado do ano, a queda no PIB do Rio Grande do Sul chega a 10,7%, contra uma retração de 5,9% no Brasil, o que significa que a economia gaúcha recuou ao mesmo patamar do primeiro trimestre de 2009.
Para o pesquisador Martinho Lazzari, do DEE (Departamento de Economia e Estatística) da SPGG, os resultados evidenciam uma forte desaceleração da atividade econômica no Rio Grande do Sul, provocada tanto pela estiagem – que afetou a agropecuária – quanto pelos efeitos negativos das medidas restritivas de combate à pandemia de coronavírus.
Análise setorial
Com exceção do setor de serviços, todos sofreram redução mais acentuada quando comparada com os índices nacionais no período, em especial o da agropecuária, que cresceu 0,4% no Brasil nesse período. Dentre os segmentos que compõem o cálculo, a retração mais significativa foi da agropecuária, com -20,2%, seguida pela indústria (-15,9%) e serviços (-9,1).
Em relação ao mesmo trimestre de 2019, os números deste ano registraram quedas ainda maiores, com destaque negativo novamente para a agropecuária (-39,4%). No segmento, as reduções de produção nas culturas de soja (-39,3%) e milho (-27,7%) foram decisivas, enquanto o destaque positivo ficou com a produção de arroz, com crescimento de 8,3%. Na mesma base de comparação, a agropecuária registrou crescimento de 1,2% no país.
Na Indústria, a queda geral foi de 19,3%, com redução nas taxas em todas os segmentos do setor: gás e eletricidade, água, esgoto e limpeza urbana (-28,1%), indústria de transformação (-19,5%), construção (-12,6%) e indústria extrativa mineral (-1,5%).
Já no que se refere à indústria de transformação, todas as atividades tiveram queda, em especial a de veículos, reboques e carrocerias (-70,2%), Couros e calçados (-50%) e Máquinas e equipamentos (-14,1%). As menores baixas foram registradas nas atividades de Produtos alimentícios (-0,2%), Bebidas (-0,2%) e Celulose e papel (-0,4%).
O setor de serviços foi o único a registrar queda menor do que a do País (-9,9%, contra -11,2% do Brasil).
No Rio Grande do Sul, os principais destaques negativos foram o comércio (-11,6%) e outros serviços (-23,7%). Comércio e supermercados, por sua vez, foi o única das dez atividades a apresentar crescimento no período (+5,4%), enquanto as demais tiveram queda, em especial nos segmentos de tecidos, vestuário e calçados (-49,3%), veículos automotores (-41,8%) e outros artigos pessoais e de higiene (-25,8%).
(Marcello Campos)
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