Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2022
O governo da Suécia revogou quase todas as restrições contra a covid impostas no País, cuja estratégia para enfrentar a doença foi algumas vezes colocada em xeque pelas autoridades sanitárias locais e europeias. Ao justificar a decisão, o governo sueco citou o elevado índice de vacinação e números que apontariam para uma menor taxa de hospitalizações e de mortes.
Com as mudanças, a Suécia se junta a Noruega e Dinamarca, o primeiro país da União Europeia (UE) a derrubar todas as restrições da pandemia.
“A pandemia não acabou, mas estamos entrando em uma fase totalmente nova… o conhecimento melhorou… vários estudos mostram que o ômicron leva a uma doença menos grave”, disse a primeira-ministra Magdalena Andersson na semana passada, ao antecipar as novas regras.
Nessa quarta (9), ampliou-se o funcionamento de bares e restaurantes, caiu a obrigatoriedade de apresentar certificados de vacinação para entrar em locais públicos, assim como o uso de máscaras no transporte público durante os horários de pico. Algumas recomendações permanecem em vigor para os não vacinados, como evitar aglomerações em ambientes fechados.
“A avaliação global mostra que podemos começar a voltar à normalidade. O governo vai continuar atento à evolução da pandemia”, disse a ministra da Saúde Lena Hallengren.
O retorno ao trabalho presencial será gradual, assim como as aulas nas universidades. As restrições às viagens para países da UE também foram revogadas, mas limitações aos voos para outras regiões devem expirar apenas no final de março.
Ao contrário da maior parte das nações escandinavas, a Suécia evitou a adoção de medidas mais duras de controle da covid, apostando mais na responsabilidade individual dos cidadãos do que em quarentenas. Em períodos mais agudos de transmissão e mortes, as pessoas foram aconselhadas a trabalhar de casa e evitar aglomerações, além de usar máscaras e fazer testes frequentes.
Em outubro do ano passado, uma comissão de investigação concluiu que o governo errou ao não adotar quarentenas nos primeiros estágios da pandemia e ao apostar na política de “imunização de rebanho”. Meses antes, o rei Carl XVI Gustaf também atacou a estratégia.
Em números, o país registra, até hoje, 2,35 milhões de casos e 16,2 mil mortes — números piores do que seus vizinhos escandinavos, mas melhores do que o da maior parte das nações europeias. A média diária de casos está em torno de 24 mil, e o de mortes está em 40, e os dois indicadores apresentam tendência de queda. A Suécia tem 10,35 milhões de habitantes, sendo que 72% completaram o ciclo inicial das vacinas e 42% receberam a dose de reforço. Entre a população com mais de 12 anos, 83% está vacinada.
Testes e custos
Especialistas questionam a ideia de colocar fim a praticamente todas as medidas de controle. Um ponto citado é o estado dos hospitais, com mais de 2 mil internados, sendo que 103 em unidades de terapia intensiva. Os números são similares aos registrados na terceira onda da doença, que teve seu pico em abril do ano passado.
“Deveríamos ter um pouco mais de paciência, esperar algumas semanas”, afirmou o professor de virologia da Universidade Umea Fredrik Eigh, um crítico da política sueca para a covid. “Essa doença ainda é um grande problema para a sociedade.”
Ele também critica a decisão do governo de interromper a testagem gratuita para a maior parte da população. Desde essa quarta, apenas profissionais da saúde e trabalhadores de asilos, além de pessoas com fatores de risco, poderão fazer testes gratuitos se estiverem com sintomas. Para os demais, são recomendados testes rápidos de farmácia, cujos resultados não são informados ao governo, ou em laboratórios, todas opções pagas e sem direito a reembolso.
“Tranquilidade” na Europa
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a Europa poderá entrar em breve em um “longo período de tranquilidade” da pandemia devido aos altos índices de vacinação, à natureza mais branda da variante ômicron e ao fim do inverno no Hemisfério Norte.
“Este período de maior proteção deve ser visto como um cessar-fogo que pode nos trazer uma paz duradoura”, disse o diretor da OMS na Europa, Hans Kluge. “Este contexto, que até agora não vivemos nesta pandemia, deixa-nos a possibilidade de um longo período de tranquilidade.”
A região também estaria numa situação favorável para evitar qualquer ressurgimento desenfreado da transmissão, “mesmo em caso de uma variante mais virulenta” do que a ômicron, acrescentou.
No entanto, ele alertou que o cenário otimista só se confirmaria se os países continuassem suas campanhas de vacinação e intensificassem a vigilância para detectar novas variantes. Ele também pediu às autoridades de saúde que protejam os grupos de risco e promovam a responsabilidade individual.