Domingo, 10 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2015
Andy Weir, autor do romance sobre o qual o filme “Perdido em Marte” se baseia, esforçou-se para dar realismo ao seu mundo ficcional; tudo, desde o tipo de vida vegetal que poderia crescer na crosta árida do planeta vermelho até a força de sua gravidade (um terço da gravidade da Terra), tudo foi baseado nos mais recentes dados científicos.
Entretanto, quando chegou a hora de escolher quando a história teria lugar, Weir teve que se afastar do reino dos fatos e partir para a especulação. Escolheu 2035 como o dia em que sete homens iriam pousar em Marte.
A década de 2030 é a mais falada para a realização da missão em Marte planejada pela Nasa (agência espacial americana), que definiu como meta provisória o dia 7 de novembro de 2039 para que suas botas espaciais pisassem no chão marciano pela primeira vez.
A realidade é que, uma missão tripulada a Marte exige a superação de uma ampla gama de obstáculos tecnológicos, bem como problemas éticos e financeiros, de modo que a década de 2030 é uma data baseada mais em capacidades técnicas do que em uma probabilidade realista.
A grande distância entre a Terra e Marte significa que demorará nove meses até que os astronautas cheguem lá, quando as órbitas de ambos os planetas estiverem alinhadas. Isso significa que o equipamento existente usado nas missões da ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês) terá que ser modificado, e pode levar décadas até que a nova tecnologia seja construída, aperfeiçoada e testada.
Alguns desses instrumentos já existem. A Nasa lançou a Amanhecer, a primeira sonda espacial que usa propulsão iônica, para o espaço em 2007. Os propulsores de íons são alimentados por eletricidade, que pode ser abundantemente gerada no espaço exterior através de painéis solares. Esta parece ser uma eficiente substituição para o combustível de foguete, que é demasiado pesado para missões de longa distância.
A propulsão de íons é suficiente para empurrar naves no espaço, mas é necessário um impulso mais poderoso para descolar da superfície de Marte, no momento do regresso à Terra. A SpaceX já está criando motores Raptor, que usam metano como combustível, uma substância abundante em Marte, mas muitos testes ainda serão necessários.
Os astronautas também vão precisar de muito espaço para se movimentarem e exercitarem durante a viagem para Marte – em gravidade zero, o corpo humano pode deteriorar-se rapidamente sem exercícios constantes e, por isso, é necessário um “habitat espaçoso”.
A Nasa já projetou um habitat espacial de 17 metros por 5 metros, sem incluir o propulsor de íons e a cápsula espacial que transporta os astronautas. Para economizar em massa, o habitat poderá ser feito de material insuflável, e a agência está atualmente testando um módulo deste material na ISS.
Outros aparelhos espaciais ainda estão apenas na fase conceitual. A Nasa planeja enviar um gerador de oxigênio em um rover para Marte em 2020. O dispositivo, chamado de Mars Oxygen In-Situ Resources Utilization Experiment (MOXIE), retirará dióxido de carbono da fina atmosfera empoeirada do planeta, e o transformará em monóxido de carbono e oxigênio puro. “Nós não podemos transportar todo o oxigênio da Terra. Portanto, há planos para enviar uma carga de antemão, que irá produzir oxigênio para a tripulação que chegará mais tarde”, disse Rathore.
No entanto, o maior obstáculo para uma missão tripulada a Marte não diz tanto respeito à logística e tecnologia, e sim à saúde e segurança humana. No espaço, os astronautas absorvem a radiação de raios cósmicos que, ao contrário de raios solares, não podem ser facilmente bloqueados e a exposição aos mesmos é um fator de risco para o desenvolvimento de câncer.