Quarta-feira, 04 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2022
A famosa atriz iraniana e ativista pelos direitos das mulheres Taraneh Alidoosti (“O apartamento” e “Procurando Elly”) foi detida, neste sábado (17), no Irã, em repressão à onda de protestos que entrou em seu quarto mês, informou a imprensa local. Conhecida por ter atuado em diversos filmes do cineasta Asghar Farhadi, Alidoosti havia manifestado apoio, através do Instagram, às manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini.
Mahsa, uma iraniana de origem curda de 22 anos, foi detida em 16 de setembro em Teerã pela polícia da moralidade. A prisão da jovem ocorreu por violação do rígido código de vestimenta que o regime impõe às mulheres, incluindo o uso do véu islâmico em público.
“Taraneh Alidoosti foi detida por suas ações recentes, publicando informação e conteúdos falsos, e por incitar o caos”, informou a agência Tasnim, sem detalhar o lugar da detenção.
Teerã sob protestos
Em 8 de dezembro, a atriz de 38 anos havia denunciado a execução pelo governo iraniano de Mohsen Shekari, um jovem de 23 anos, acusado de “guerra contra Deus” por supostamente ter ferido um membro da milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, durante as manifestações.
“Qualquer organização internacional que observe este banho de sangue sem reagir representa uma vergonha para a humanidade”, escreveu Aridoosti em seu perfil no Instagram.
Em novembro, ela prometeu permanecer em seu país e “pagar o preço” necessário para defender seus direitos e deixar de trabalhar para apoiar as famílias das pessoas assassinadas ou presas durante as manifestações.
Taraneh Alidoosti é especialmente conhecida por seu trabalho no longa-metragem de Asghar Farhadi “O Apartamento”, premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Rosto conhecido do cinema iraniano desde a sua adolescência, ela também atuou na obra de Saeed Roustayi “Leila e seus irmãos”, apresentada este ano no Festival de Cannes.
Desde meados de setembro, milhares de iranianos e cerca de 40 estrangeiros foram presos e mais de 2 mil pessoas foram denunciadas por relação com as manifestações, segundo as autoridades judiciais. Até o momento, dois homens foram executados por participação nos distúrbios.
Execução
Há uma semana, o Irã realizou a segunda execução de uma pessoa condenada à morte por participar de protestos por Mahsa Amini, jovem curda morta sob custódia da polícia da moralidade por suposto uso inadequado do véu islâmico. Majidreza Rahnavard foi enforcado em público apenas 23 dias após sua prisão, atraindo fortes críticas de organizações defensoras dos direitos humanos em meio às manifestações que já duram três meses.
O jovem de 23 anos foi morto na manhã do dia 12 na cidade de Mashhad, no Nordeste iraniano, afirmou a agência estatal de notícias Nour. Sua família acordou com uma ligação de um funcionário do governo afirmando que Rahnavard havia sido executado sem aviso prévio e que o corpo fora enterrado no cemitério Behesht-e Reza, segundo o coletivo digital de ativistas 1500tasvir.
Ele foi acusado de “travar uma guerra contra Deus” e de supostamente esfaquear até a morte dois integrantes à paisana do grupo paramilitar Força de Resistência Basij, ligado à Guarda Revolucionária e na linha de frente da repressão aos protestos. De acordo com a agência de notícia Mizan, ligada ao Judiciário, ele foi preso em 19 de novembro enquanto tentava deixar o país e condenado pela Corte Revolucionária, onde não pôde escolher seu próprio advogado, demandar um julgamento público ou questionar as evidências.