Quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 20 de agosto de 2025
Após a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ter dito que estudava processar a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, a executiva solicitou uma reunião com a entidade que representa os advogados. O encontro está marcado para esta sexta-feira (22) e promete ser decisivo para a tentativa de distensionar a crise entre as duas instituições.
Como revelou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a presidente do banco havia dito, em entrevista coletiva na semana passada, que poderia processar criminalmente advogados que orientassem clientes do agronegócio, endividados com o banco, a entrarem com pedidos de recuperação judicial. A declaração gerou forte reação no meio jurídico.
Em resposta, a OAB nacional enviou uma notificação formal à executiva e afirmou que poderia adotar medidas judiciais contra ela. O objetivo seria proteger as prerrogativas da advocacia, vistas pela entidade como ameaçadas pela fala de Tarciana.
O presidente da OAB, Beto Simonetti, foi enfático: “É inaceitável, em pleno 2025, que uma integrante do primeiro escalão do governo, líder de um dos maiores bancos do país, tente criminalizar o exercício legítimo da advocacia”.
Magnitsky
Na tentativa de amenizar os ânimos, Tarciana afirmou nessa quarta-feira (20) que o Banco do Brasil segue rigorosamente a legislação brasileira, mas também está sujeito às leis dos mais de 20 países onde possui operações. Segundo ela, a instituição permanece “forte e robusta”, mesmo diante das recentes turbulências no mercado.
Essas turbulências foram intensificadas pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou que leis e decisões estrangeiras não se aplicam a brasileiros em território nacional. A medida pode impactar diretamente a aplicação da Lei Magnitsky, dos Estados Unidos, que foi usada para impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, também do STF.
A decisão provocou desvalorização das ações de bancos brasileiros, incluindo o BB, na última terça-feira (19), ao criar insegurança jurídica no ambiente de negócios.
Durante um seminário promovido pelo Ministério da Fazenda sobre governança na gestão pública, Tarciana voltou ao tema, desta vez sem citar nomes. Em sua fala, ela afirmou ser “muita falta de responsabilidade” quando um brasileiro coloca em dúvida a solidez e a integridade de uma empresa como o Banco do Brasil. O discurso está em linha com a narrativa adotada por integrantes do governo, que vêm criticando a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, onde ele tem buscado apoio para sanções contra autoridades brasileiras. (Com informações da Folha de S.Paulo)