Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2020
Indiciado pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) por tráfico internacional de armas, o PM reformado Ronnie Lessa, preso em 2019 sob a acusação de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018, tinha a ajuda da filha para traficar armas para o exterior. Segundo a Desarme, Mohana Figueiredo, que morava nos Estados Unidos, auxiliava o pai no esquema criminoso desde 2014. Ela também foi indiciada.
“Ele (Lessa) estava praticando essa atividade até pouco tempo antes de sua prisão”, disse o delegado Marcus Amim, titular da Desarme, ao “RJTV”, da Rede Globo.
De acordo com a investigação, peças e acessórios eram adquiridos em sites estrangeiros de venda de armas e em países como China, Nova Zelândia e Estados Unidos. E, segundo o inquérito, Mohana cuidava do envio do material para o pai.
Justiça analisará fotos
A investigação ainda encontrou indícios de que um dos filhos de Lessa, menor de idade, tirou fotos com armas reais. Por isso, Amim remeteu parte da investigação para a Vara de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Rio.
“Ele (o filho de Lessa) ostenta o que a gente crê que sejam armas de fogo de verdade. Por isso, já é passível de receber medidas socioeducativas”, argumentou o delegado.
Uma troca de mensagens realizada em 13 de agosto de 2018 pelo WhastApp chamou a atenção dos policiais da Desarme. Numa delas, Mohana enviou ao pai uma foto de uma peça de fuzil. Na mesma conversa pelo aplicativo, Lessa passou uma orientação à filha. “Escreve ‘metal parts’ (peças de metal)”. Investigadores acreditam que essa recomendação era uma forma de tentar driblar a fiscalização.
“As compras realizadas por meio eletrônico e as mensagens trocadas demonstram que o material era trazido para montagem de armas de fogo no Brasil. Ronnie Lessa adquiria peças de armas fora do País e orientava sua filha para que retirasse embalagens e outras identificações, com o intuito de se esquivar de qualquer órgão fiscalizador brasileiro”, disse Amim.
A polícia identificou várias compras de peças de armas feitas por Mohana, que trabalhava como treinadora de futebol nos Estados Unidos. Em várias ocasiões, ela e o pai discutiram as formas de envio.