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Tito Guarniere Afundando na bagunça

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Previsão considera cenário em que país não adota medidas para isolamento de pessoas. (Foto: Reprodução)

Nós, brasileiros, tivemos duplo azar: estamos afligidos pelo coronavírus e somos governados por um homem rude, destemperado, beirando o desequilíbrio. É caso de estudo alguém que, investido de mandato e poder, diante de uma oportunidade única de fazer o que se espera dele – unir e conduzir o país na crise – prefere o caminho inverso, criando caso com quem lhe apareça na frente, confrontando soluções universalmente aceitas, mostrando o tempo todo a carranca brava.

Têm muitas teorias para essa conduta errante e irascível. O presidente disfarça sua falta de preparo para o alto cargo com as erupções ofensivas que dispara contra os circunstantes que lhe desagradam. O presidente é um estrategista que tem método e objetivo: cada gesto, palavra, diatribe servem ao propósito da reeleição em 2022. O presidente alimenta a “fantasia narcísica de ser punido e apeado do poder, e assim recuperar o terreno de vítima excluída do sistema” – ele que sempre foi um militar obscuro e um político do baixo clero. Vai saber.

Há uma questão de deficit cognitivo: nada o faz compreender que o isolamento social não é a cura da doença, mas uma estratégia simples de ganhar tempo, até que o país esteja melhor capacitado para atender a uma demanda potencializada de doentes e infectados.

O certo é que ele está se lixando para a solenidade do cargo, o decoro – a autoridade mais alta do país. Diante da menor contrariedade desanca o interlocutor, desqualifica as soluções que ele não aprecia, ameaça com hipóteses alarmistas. Dá a impressão que ele sempre sai da sala batendo a porta. Uma lástima.

O governo está à matroca. Não há uma coordenação central, um quartel-general (para que servem tantos militares no Palácio do Planalto?), capaz de dar forma e articular soluções e medidas comuns, nem mesmo quanto à premência de multiplicar o número de respiradores, de ampliar a disponibilidade de leitos hospitalares, de fabricar e comprar máscaras e medicamentos. Felizmente, a demanda crucial foi muito bem entendida pelos governadores e prefeitos, e dá para ter a esperança de que, no pico da pandemia, poderemos contar com um razoável percentual de atendimento e cura entre os acometidos pela doença.

Na economia, na parte de assegurar um nível satisfatório na produção de bens e serviços, a sobrevivência das empresas, as condições essenciais da vida de trabalhadores informais, desempregados e populações mais pobres, as autoridades batem cabeça, se complicam e tropeçam nos próprios pés.

O presidente em meio ao caos instalado, não atua para pedir calma ou urgência, dar um mínimo de ordem às ações e medidas. E das tribunas onde insulta desafetos, parece assustado com a ameaça – esta sim real e inexorável – de retração dos negócios, a recessão que fatalmente dominará a cena econômica nos próximos meses – ou anos: meio caminho andado para a derrota em 2022.

Botou todas as fichas na erradicação rápida do Covid-19, e na imediata restauração da atividade econômica. Como esses eventos parecem cada vez mais distantes, Bolsonaro dobra as apostas, radicaliza no tom, e afunda na bagunça que ele mesmo causou.

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https://www.osul.com.br/afundando-na-bagunca/ Afundando na bagunça 2020-04-04
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