Quinta-feira, 16 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2015
Em abril, a revista Veja revelou que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, quando estava preso, já examinava a possibilidade de se tornar delator na Operação Lava-Jato e, atrás das grades, anotava em um papel histórias que poderiam ser contadas sobre suas relações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o poder.
Dias depois, Pinheiro foi procurado por um carcereiro em sua cela no Complexo Médico-Penal do Paraná. Enquanto recebia a bandeja com a comida, ele entendeu que o agente disse que seria melhor ele passar a dormir de olhos abertos. Conselho ou ameaça, o que se sabe é que a frase do carcereiro o assustou bastante.
Libertado da prisão preventiva pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Pinheiro contou esse episódio a familiares durante uma discussão sobre a conveniência de fechar o acordo de delação premiada. A família o estimulou a fazê-lo. Os fatos também. Defendido por três renomadas bancas de advogados em Brasília, São Paulo e Curitiba (PR), ele viu naufragar todas as estratégias jurídicas empregadas por seus defensores com o intuito de livrá-lo da Lava-Jato.
O executivo e o ex-presidente são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses comuns. Pinheiro era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas.
O executivo esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Em prisão domiciliar, ele continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado, por sua vez, está assustado, mas em liberdade. Em breve, o operador, vai relatar ao MPF (Ministério Público Federal) os detalhes de sua simbiótica convivência com o ex-presidente. Agora o ganho de um significará a ruína do outro.