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Economia Banco mais antigo do mundo, fundado em 1472, pode estar com os dias contados

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Entrada da sede do banco italiano Monte dei Paschi di Siena, em Siena, na Itália. (Foto: Nikolai Karaneschev)

No mês passado, o Banca Monte dei Paschi di Siena, o banco mais antigo do mundo, adquiriu uma outra distinção: a de credor mais fraco da Europa. O banco teve o pior desempenho em um teste de saúde financeira realizado por reguladores europeus, o último capítulo sombrio de uma longa saga de negócios malfadados, travessuras financeiras, delitos criminais e até mesmo uma morte misteriosa.

O teste de estresse realizado pelos reguladores, o qual demonstrou que uma recessão severa destruiria o capital do banco, forçou o governo italiano a enfrentar uma verdade desagradável: a trajetória de mais de cinco séculos do Monte dei Paschi está chegando ao fim. Com estímulo de Roma, o UniCredit, um dos maiores bancos da Itália, disse no mês passado que estava em negociações para comprar o Monte dei Paschi, sob a condição de que o governo ficasse com todos os créditos podres.

O Monte dei Paschi, fundado em 1472, provavelmente sobreviverá como marca em agências bancárias na Itália central, e os clientes não notarão muita diferença, pelo menos no início. Mas o banco deixará de ser uma entidade autônoma e um lembrete vivo de que os mercadores italianos do Renascimento basicamente inventaram os bancos modernos. As operações do banco serão gerenciadas a partir da sede do UniCredit em Milão, em vez do escritório em forma de fortaleza do Monte dei Paschi no bairro antigo de Siena. O título de banco mais antigo provavelmente passará para o Berenberg Bank, fundado em Hamburgo, Alemanha, no ano de 1590.

Os problemas do banco são uma distração indesejável para Mario Draghi, primeiro-ministro italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu, que agora tenta promover reformas e acabar com a imagem da Itália como perpétua retardatária econômica da zona do euro.

A eliminação do Monte dei Paschi, que foi efetivamente nacionalizado após um resgate do governo, “liberaria recursos, tempo e capital político para questões mais importantes”, disse Lorenzo Codogno, ex-economista-chefe do tesouro italiano que agora é consultor independente. “Há uma forte pressão política para encontrar uma solução o mais rápido possível”.

Mas, para Siena e arredores, os problemas do Monte dei Paschi são um baque psicológico e também econômico. Poucos bancos estão tão envolvidos com a riqueza e a identidade de suas comunidades quanto o Monte dei Paschi esteve em seu apogeu. Ele continua sendo o maior empregador privado de Siena, e a fundação que era sua proprietária aplicava os lucros bancários em uma ampla variedade de atividades cívicas, como jardins de infância, serviços de ambulância e até mesmo os trajes que os clãs rivais usavam nas procissões que antecedem o Palio, a corrida de cavalos disputada duas vezes a cada verão na praça central de Siena.

“O Monte dei Paschi faz parte da carne e do sangue da cidade”, disse Maurizio Bianchini, jornalista local, historiador do Palio e ex-chefe de comunicações do Monte dei Paschi. “Do ponto de vista humano, é como se o banco fosse um ramo de todas as famílias de Siena”.

A sobrevivência do Monte dei Paschi está em dúvida há anos. Seus problemas começaram em 2008, depois que o banco pagou mais do que poderia para adquirir um rival e se tornar o terceiro maior banco da Itália, depois do Intesa Sanpaolo e do UniCredit.

Em 2013, enquanto a polícia investigava alegações de que executivos do banco estavam escondendo perdas crescentes dos reguladores e acionistas, David Rossi, diretor de comunicações do Monte dei Paschi, foi encontrado morto em um beco abaixo da janela de seu escritório – aparentemente, um aparente suicídio. Membros da família de Rossi estavam convencidos de que ele fora morto por saber demais, mas a polícia nunca encontrou evidências conclusivas de crime.

Em 2019, mais de uma dúzia de executivos do Monte dei Paschi, Deutsche Bank e Nomura foram condenados por usar ilegalmente derivativos complexos para encobrir os problemas do banco italiano. Eles apelaram da decisão.

A maioria dos bancos com os problemas do Monte dei Paschi teria sido vendida há muito tempo, mas, para o povo de Siena, fechar o acordo proposto pelo UniCredit seria como leiloar parte de sua identidade. A cidade também sofrerá em termos econômicos. A venda para o UniCredit deve ocasionar até 5 mil cortes de empregos, um terço do total de postos de trabalho, de acordo com reportagens da imprensa italiana. O UniCredit se recusou a comentar sobre as demissões que podem ocorrer. As informações são do jornal The New York Times.

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