Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2019
A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Michelle Bachelet, denunciou neste sábado (16) “o uso desnecessário e desproporcional da força pela polícia e pelo Exército” que pode levar a situação na Bolívia a “sair do controle”.
Ela condenou as mortes que já somam 18 desde que os conflitos estouraram, um dia após o anúncio da suposta vitória de Evo nas eleições de 20 de outubro, marcadas por fraudes. “Condeno essas mortes. Trata-se de um desenvolvimento extremamente perigoso, pois longe de apaziguar a violência, é possível que a agrave”, acrescentou Bachelet.
A autoproclamação de Jeanine Áñez como presidente na terça-feira (12), em uma sessão sem o quórum regulamentar e após a renúncia de todos os que lhe antecediam na linha sucessória, revolta os seguidores de Morales. “Tem mobilizações por toda parte, essas últimas 72 horas foram duras”, criticou o ministro de Governo (Interior), Arturo Murillo, que anunciou que a ordem que as forças militares e policiais receberam é de “proteger o povo”.
Autoridades bolivianas também pediram a pacificação do país, após as mortes da última sexta-feira (15). “Estamos passando por momentos difíceis, pedimos aos movimentos sociais e outras organizações que diminuam as posições. Não podemos viver de luto”, reclamou a presidente da Câmara de Senadores, Eva Copa, do partido de Evo.
Jerjes Justiniano, ministro da Presidência do novo governo de Áñez, tinha afirmado antes que as gestões para acabar com a violência devem envolver “o país todo” e pediu aos bolivianos: “vamos parar com essa atitude (de confronto) e, ao contrário, buscar coisas que nos unam”.
Contudo, uma “concentração pela paz”, convocada por associações de moradores de La Paz para pedir por o fim da violência após quase quatro semanas de protestos, confrontos e saques, foi suspensa de última hora, segundo os organizadores, “por motivos de segurança”.
A algumas quadras do local onde a concentração aconteceria, cerca de mil camponeses vindo de um povoado de La Paz marcharam em protesto contra o novo governo e em defesa de Evo. Evo, asilado no México desde a terça-feira, renunciou no último domingo (09) após perder o apoio das Forças Armadas, após três semanas de protestos por sua questionada reeleição no pleito de 20 de outubro.
Uma mesa de negociação está instalada há uma semana para buscar as condições de pacificar o país, segundo o representante local da União Europeia, León de la Torre. Espera-se que se some à mesa, integrada por oficialistas e congressistas pró-Morales, Jean Arnault, enviado pessoal do secretário-geral da ONU, António Guterres.