Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
20°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Saúde Saiba como a vacina da covid pode alterar a menstruação

Compartilhe esta notícia:

Pesquisa conduzida com 40 mil pessoas mostrou que 42% das entrevistadas relataram maior volume do sangramento após a aplicação; cientistas descartam gravidade.

Foto: Alex Rocha/PMPA
Pesquisa conduzida com 40 mil pessoas mostrou que 42% das entrevistadas relataram maior volume do sangramento após a aplicação; cientistas descartam gravidade. (Foto: Alex Rocha/PMPA)

Mais de 5 bilhões de pessoas no mundo receberam a vacina contra a Covid-19. Picada a picada, o sucesso que essas injeções previam em ensaios clínicos rapidamente caiu nas ruas: de acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet, graças a elas, cerca de 20 milhões de vidas já foram salvas.

O preço a pagar, na grande maioria dos casos, foram efeitos colaterais leves, como dores de cabeça ou mal-estar geral, embora alguns além dos previstos em estudos anteriores ainda estejam sendo investigados. Entre as mulheres, por exemplo, persiste a polêmica sobre o impacto (ou não) no ciclo menstrual, com dados e experiências às vezes contraditórias nas ruas que não foram vistas – ou nem mesmo perguntadas – em ensaios clínicos.

Nesta linha, uma pesquisa com quase 40 mil pessoas publicada na Science Advances lança um pouco mais de luz sobre o impacto na menstruação: 42% das entrevistadas com ciclos menstruais regulares relataram sangramento mais intenso após a aplicação. Isso não significa que seja a causa, mas desenha “uma tendência”, apontam os pesquisadores, que servirá para informar melhor as mulheres, embora esse fenômeno seja temporário e não preocupante, apontam. As vacinas permanecem seguras e recomendadas.

Foi sua própria experiência pessoal que abriu as portas para Katharine Lee, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Tulanem, estudar o eventual impacto da vacinação na menstruação. Ela e Kathryn Clancy, antropóloga da Universidade de Illinois, ambas coautoras do estudo, sofreram de menstruação “instável” após receberem a vacina, mas quando elas foram procurar por que isso estava acontecendo, encontraram poucas informações, Lee explica por e-mail.

“Depois de ver quantas pessoas estavam compartilhando histórias semelhantes, queríamos coletar dados para dar às pessoas um caminho para serem ouvidas e caracterizar quais tendências pode haver nos dados para poder desenvolver hipóteses sobre o que pode estar acontecendo”, afirma.

E eles lançaram uma pesquisa nas mídias sociais, blogs científicos e artigos de jornais para recrutar participantes.

No total, 39.129 pessoas – 90% identificadas apenas como mulheres e 9% como de gênero diverso – participaram da pesquisa. E as respostas mostraram que 42% das pessoas com menstruação regular relataram aumento do sangramento menstrual após a vacinação, enquanto outros 44% não encontraram alteração no padrão de sangramento. Pesquisas sugerem, no entanto, que há grupos mais propensos a apresentar sangramento mais intenso após a vacinação, como brancos, hispânicos ou latinos, mais velhos, que estiveram grávidas no passado ou têm distúrbios menstruais subjacentes, como endometriose ou síndrome dos ovários policísticos, entre outras variáveis.

A pesquisa também revela que, entre as não menstruadas, 71% das que tomam anticoncepcionais que suprimem a ovulação, dois terços das mulheres na pós-menopausa e mais de um terço das que tomam hormônios de afirmação de gênero também tiveram sangramento.

Os pesquisadores ressaltam que esses achados servem para mostrar uma “tendência”, mas, como são estudos observacionais, a causalidade do aumento do sangramento com a vacinação não pode ser confirmada, nem a prevalência do levantamento pode ser extrapolada para a população em geral.

“É quase certo que há um viés de seleção em nossa amostra, o que significa que as pessoas que participaram provavelmente tiveram maior probabilidade de ter uma mudança menstrual do que a população em geral”, admite Lee.

Mas, por sua vez, defende a metodologia e sua credibilidade, mesmo que se trate de percepções subjetivas dos participantes.

“A ciência tem que começar em algum lugar, e a observação sistemática e o registro de informações são passos incrivelmente importantes. É um erro supor que as observações das pessoas sobre seus próprios corpos estão erradas, e é desrespeitoso começar de um lugar onde as pessoas não são acreditadas. As pesquisas são maneiras incrivelmente importantes de entender as experiências das pessoas e sustentam muitas pesquisas médicas e clínicas”, ela ressalta.

Nem raro nem perigoso

De qualquer forma, os pesquisadores alertam:

“As mudanças no sangramento menstrual não são incomuns ou perigosas”.

Na verdade, essas alterações na menstruação já foram relatadas em estudos antigos associados à injeção da vacina contra febre tifoide, hepatite B ou papilomavírus humano, lembra a pesquisa de Lee. Além disso, os desequilíbrios descritos em sua pesquisa geralmente são temporários e duram alguns ciclos.

“O que estamos falando aqui é uma mudança temporária na menstruação, não um distúrbio menstrual. Um distúrbio menstrual geralmente é uma patologia, como endometriose ou miomas, e a vacina não causa isso. O que pode causar em algumas pessoas, mas não em todas, é uma interrupção temporária no ciclo normal”, qualifica.

Sobre se esses resultados podem servir como munição para movimentos antivacinas, Lee é franca: “Não estamos preocupados com esse fenômeno e somos a favor da vacina”.

E se uma mulher não vacinada a procurasse para perguntar o que fazer, a antropóloga também não hesita. “É muito mais provável que você tenha efeitos prolongados no seu ciclo se contrair covid e parece que muitas pessoas com covid persistente também têm alterações menstruais prolongadas. Acho que as pessoas conseguem entender a diferença entre um efeito secundário, como febre, cansaço, dor de cabeça após a vacinação, de algo que afeta a segurança. Alguns períodos irregulares devem ser entendidos como um efeito colateral de uma vacina, e assim como você pode tomar paracetamol se tiver febre e dor de cabeça após uma vacina”, defende.

tags: Você Viu?

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Saúde

Ação integrada em ferros-velhos prende quatro pessoas na Zona Leste de Porto Alegre
Governo gaúcho aprova novos projetos de investimento com apoio do Fundopem
https://www.osul.com.br/como-a-vacina-da-covid-19-pode-alterar-a-menstruacao/ Saiba como a vacina da covid pode alterar a menstruação 2022-07-19
Deixe seu comentário
Pode te interessar