Segunda-feira, 07 de julho de 2025

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Tito Guarniere Coronavírus

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O índice FTSE 100 de Londres recuava 3,3%, enquanto Frankfurt e Paris perdiam 3%. (Foto: Reprodução)

Em meio ao pessimismo provocado pelo coronavírus, os 500 maiores investidores do mundo perderam a bagatela de R$ 2 trilhões de reais com a queda das bolsas. Manda a lógica que, se alguém perdeu, alguém deve ter ganho. Mas, infelizmente, não é este o caso. Ativos mobiliários como as ações simplesmente perdem valor. Os papéis não chegam a virar pó, mas se desvalorizam dramaticamente. O que era razoavelmente seguro e valioso como que desmancha no ar. Um simples vírus trouxe pânico ao mundo exuberante de poder, prosperidade e riqueza.

Notem que se trata apenas dos 500 maiores investidores. Abaixo deles, outros milhares, talvez milhões, também viram parte dos seus ativos em ações evaporar de uma hora para outra. Mas ninguém se queixa: é assim que funciona. Os “players”, como o mercado gosta de chamar, se fecham em copas, não choramingam, e esperam a hora de dar a volta e comprar e investir. É verdade que a longo prazo todos estaremos mortos, como dizia Keynes, mas também é verdade que as aplicações em ações, embora de risco razoável, a longo prazo se pagam e dá para ganhar dinheiro, e às vezes muito dinheiro. É preciso calma nessa hora.

O surto de coronavírus, obviamente, causou um enorme estrago. Mas é interessante observar – olhando de perto e com isenção – como certas lendas caem de maduro, se desfazem do nada. Uma delas: o mercado financeiro tem um poder avassalador sobre os recursos do mundo. Podem manipular, inverter tendências, inflar os valores de uma ação e desvalorizar outra a seu critério e conveniência. Não duvido que tenha sido assim, em outros tempos. Mas não hoje.

Os mercados se comunicam em tempo real, fazem as mesmas leituras, analisam os mesmos balanços e tendências. Um operador da Bolsa de São Paulo dispõe, em tempo real, de informações precisas das ações negociadas nas bolsas de Seul, Nova Iorque e Kuala Lumpur. Ele sofre as mesmas injunções e age, mais ou menos, dentro das regras de um protocolo clássico, com pequenas variações – às vezes lucrativas, e às vezes desastrosas opções. Não tem milagre, não tem conspiração, não tem jogo jogado.

Claro, operadas por seres humanos, as bolsas de valores, o mercado de ações, vez por outra, descobrem uma falcatrua grossa, quase sempre através do uso de informações privilegiadas. Mas não dura muito, a concorrência é feroz, as fartas regulações são rigorosas, os controles do Estado eficientes. Não é nada raro: os meliantes do mercado permanecem bom tempo atrás das grades.

É interessante e surpreendente o impacto do vírus na curva de distribuição de renda. As perdas se concentram no andar de cima dos endinheirados e aí aparece um fato insuspeitado: o coronavírus reduz – discretamente, mas reduz – a desigualdade no mundo. Daí se pode ver como é discutível a solução simplória, aventada até por alguns bilionários, de diminuir a desigualdade através da transferência compulsória de renda, dos que têm para os que não têm.

Quanto tempo a humanidade vai viver de sobressaltos, como esse do COVID-19, causado por um vírus invisível? Não sabemos. Mas deveríamos saber que sempre é tempo de baixar um pouco a crista da arrogância.

 

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