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Por Redação O Sul | 21 de abril de 2023
O desembargador federal Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, decidiu na última quinta-feira (20), se afastar de todos os processos relacionados à Operação Lava-Jato, incluindo os que tratam do advogado Rodrigo Tacla Duran.
A decisão de Malucelli ocorre em razão de “foro íntimo” e por motivos familiares, conforme despachou o magistrado. O desembargador, que tem relações com o senador Sérgio Moro (União-PR), tornou-se pivô de uma polêmica após revogar a decisão do juiz federal Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que havia derrubado os mandados de prisão contra Tacla Duran.
Ao decidir se afastar dos casos da Operação Lava-Jato, mesmo em meio a seu período de férias, que se iniciou nesta semana e vai até o dia 6 de maio, Marcelo Malucelli citou a “ocorrência de circunstâncias posteriores à data em que assumi os processos oriundos da presente operação (em trâmite junto ao Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba-PR) e que se relacionam com a integridade física e moral de membros da minha família”.
A controvérsia em torno de sua atuação como desembargador no caso Tacla Duran se dá porque Malucelli é pai do advogado João Eduardo Malucelli, que é sócio de Sérgio Moro e da mulher dele, a deputada Rosângela Moro (União-SP), no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, em Curitiba.
Além de sócio, João Eduardo também é genro do casal, por ser namorado da advogada Júlia Wolff, filha mais velha de Moro e Rosângela. O filho do desembargador também trabalha como assessor comissionado no gabinete de um deputado estadual paranaense que é irmão de um dos suplentes de Moro.
Depois da decisão do pai, que restabelecia a prisão de Tacla Duran, João Eduardo Malucelli registrou ocorrência na polícia afirmando ter recebido uma ligação em tom de ameaça.
Acusação
No mês passado, durante audiência com o juiz Eduardo Appio, Tacla Duran disse que foi alvo de perseguição por não aceitar ser extorquido durante o processo em que é réu.
Duran disse que foi procurado por uma pessoa que atuou como cabo eleitoral da campanha Moro e um advogado ligado à esposa dele, Rosângela Moro, que teria oferecido um acordo de delação premiada durante as investigações.
A partir das menções, Appio decidiu enviar o caso ao Supremo Tribunal Federal, Corte responsável pela análise de questões envolvendo parlamentares com foro privilegiado.
Após a divulgação do depoimento, o senador Moro disse que não teme qualquer investigação: “desde 2017 [Tacla Duran] faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou”.