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Brasil Documentos mostram que Raul Seixas não delatou Paulo Coelho aos militares

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Escritor teria sido preso e torturado no lugar de um militante, que estava foragido durante a ditadura. (Foto: Emanuele Scorcelletti/Divulgação)

Em novembro do ano passado, um documento publicado na biografia “Raul Seixas — Não diga que a canção está perdida”, do jornalista Jotabê Medeiros, fez ressurgir uma velha ferida entre Raul e o escritor Paulo Coelho. A obra levantava a hipótese de que o Maluco Beleza poderia ter dedurado o Mago durante a ditadura militar.

Porém, novos documentos que agora vêm a público, revelam que havia um terceiro personagem na história da suposta delação. E, finalmente, refutam a suspeita de traição que pairava sobre Raul.

De acordo com as novas descobertas sobre o caso, o escritor Paulo Coelho foi preso e torturado em maio de 1974 por ter sido confundido com um militante de esquerda que era praticamente seu homônimo. Enquanto o nome completo do Mago é Paulo Coelho de Souza, o militante do extinto Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), procurado pelos militares, é Paulo Coelho Pinheiro.

As descobertas foram reveladas pelo jornal “Folha de São Paulo”. Elas se baseiam na tese de doutorado do pesquisador Lucas Marcelo Tomaz de Souza, “Construção e autoconstrução de um mito: análise sociológica da trajetória artística de Raul Seixas”, defendida na Universidade de São Paulo, em 2016.

Ele já havia identificado que poderia ter havido uma mistura de informações sobre as identidades de Pinheiro e do parceiro de Raul. Agora, o testemunho do único filho de Pinheiro, que morreu em 2011, e de um ex-companheiro do militante, dados à “Folha”, confirmam sua existência.

“A meu ver, o surgimento desse terceiro elemento, Paulo Coelho Pinheiro, com o mesmo histórico descrito nos documentos que registram a prisão e tortura de Raul Seixas e Paulo Coelho, tem bastante fundamento e apara algumas arestas que sempre rondaram a fatídica história dos dois artistas junto à polícia”, diz Lucas Souza.

Paulo Coelho Pinheiro estava foragido na época em que o escritor foi interrogado, torturado e ficou preso por duas semanas. Segundo a reportagem, a ficha policial usada pelos militares acabou misturando informações dos dois Paulos. Além do nome parecido, ambos haviam sido estudantes de direito.

Quando o livro de Jotabê Medeiros foi lançado, o escritor ex-parceiro de Raul contestou numa postagem numa rede social as dúvidas levantadas com a nova publicação. “Começo a ter sérias dúvidas dos documentos que o Jotabê Medeiros me enviou, dizendo e insistindo que Raul tinha me denunciado (emails arquivados) O que se passou entre Raul e eu fica entre nós. Vou deletar o tweet da FSP. Acho que o cara quer apenas vender a po**a do livro”, escreveu Coelho na ocasião.

Para o pesquisador Lucas Souza, não fazia muito sentido a polícia utilizar Raul como intermédio para chegar a Paulo Coelho.

“Eu nunca levantaria a suspeita de alcaguete, tendo em vista que Paulo Coelho não era foragido, trabalhava na maior empresa de discos do país e tinha residência fixa na zona sul do Rio de Janeiro. A polícia política brasileira era também uma polícia de inteligência, havia encontrado os foragidos responsáveis pelo sequestro do embaixador americano no Brasil anos antes, precisaria de Raul Seixas para chegar a Paulo Coelho por quê?”, questiona.

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https://www.osul.com.br/documentos-mostram-que-raul-seixas-nao-delatou-paulo-coelho-aos-militares/ Documentos mostram que Raul Seixas não delatou Paulo Coelho aos militares 2020-05-30
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