Por Redação O Sul | 12 de maio de 2025
O início da operação de vendas no TikTok Shop no último dia 8 no Brasil e o anúncio de que os usuários do ChatGPT já ganham recomendações e links de compras dentro do famoso chatbot da OpenAI devem movimentar o comércio on-line no País, e desafiar concorrentes como Meta, Google, Pinterest e Kwai.
A expectativa de especialistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico é que os brasileiros vão ao menos experimentar as novidades nas próximas semanas, o que pode elevar o número de transações pela internet.
Segundo dados da consultoria Euromonitor, de janeiro e fevereiro deste ano, um em cada quatro brasileiros fez alguma compra em redes sociais nos últimos seis meses. A previsão é que as transações nessas mídias representem 11,7% do total movimentado em lojas on-line em 2029, mercado estimado em R$ 1,7 trilhão. Em 2024, a fatia foi de 10,9%.
O TikTok Shop chega ao Brasil como uma estratégia agressiva que começa por oferecer compras sem que o usuário precise sair da plataforma. Isso pode ser feito no fluxo de vídeos, em transmissões ao vivo e em lojas on-line, as chamadas vitrines. “O e-commerce cresceu muito nos últimos anos, trazendo conveniência. Agora o TikTok traz de volta a diversão e a interação do consumidor”, diz um porta-voz da empresa ao Valor.
A estreia contará com 1.000 vendedores, incluindo marcas como Natura, O Boticário, Riachuelo, L’Oréal, C&A, além de pequenos e médios empreendedores nacionais, por enquanto. “Somos uma empresa de influência desde sempre, por causa das nossas consultoras. Era natural que fôssemos pioneiros agora”, diz o vice-presidente de negócios de Natura e Avon, Agenor Leão, acrescentando que o portfólio vai contar com uma seleção de produtos com grande repercussão nas redes sociais.
O TikTok Shop cuidará da entrega dos produtos vendidos na plataforma em parceria com os Correios e com outras empresas de logística no país. Centros de distribuição não estão nos planos, informou o porta-voz. Nos EUA, onde o Tik Tok lançou seu e-commerce em 2023, há estrutura própria de armazenamento.
A “compra pela descoberta” proposta pelo TikTok também busca aproximar marcas de influenciadores. No modelo de “colaboração aberta”, marcas podem deixar que influenciadores escolham livremente seus produtos para promover e vender em seus canais. Já na “colaboração direcionada”, anunciantes definem com quais influenciadores desejam trabalhar. “É uma forma das marcas também descobrirem novos criadores”, diz o TikTok. O modelo de receita se baseia em cobrar uma comissão em cada venda.
De acordo com um relatório do Santander, o TikTok Shop pode movimentar até R$ 39 bilhões em 2028 no Brasil, o equivalente a algo entre 5% e 9% do total do e-commerce brasileiro. Se a projeção se confirmar, a rede social entrará para o ranking de cinco maiores marketplaces do país.
O Brasil é o 14º país a contar com a estrutura de e-commerce do TikTok, que estreou em 2021 no Sudeste Asiático, e o segundo na América Latina, depois do México. Este ano, o TikTok Shop também foi lançado na Alemanha, Espanha, França e Itália.
Além das redes sociais e das buscas, as vendas on-line ganham espaço dentro dos assistentes de IA generativa. No fim de abril, a OpenAI anunciou recursos de buscas em todas as versões do ChatGPT, que trazem recomendações personalizadas de produtos e serviços e links diretos de compra em seus recursos de busca. A novidade vale para o mundo todo, incluindo o Brasil, informa empresa.
“O comércio no ChatGPT ainda está em estágio inicial e continuaremos a integrar os comerciantes em nossa jornada à medida que aprendemos rapidamente”, disse um porta-voz da OpenAI ao Valor.
A estratégia de aproximar influenciadores e marcas para alavancar vendas on-line também faz parte da estratégia de e-commerce nas redes sociais da Meta, dona do Instagram, Facebook, WhatsApp e Threads. Em 2024, a empresa anunciou o Marketplace de Criadores no Instagram, que facilita a busca de perfis de influenciadores pelos anunciantes. “A gente entende que trabalho de criadores é fundamental em qualquer tipo de campanha”, afirma o diretor de Negócios na Meta, Sandro Cachiello.
O diretor diz que a estratégia do TikTok Shop está há algum tempo no radar da empresa, e reforça que a Meta é “uma fortaleza em anúncios e em escala. “Temos mais de 10 milhões de empresas anunciantes, em mais de 161 países, usando nossa ferramentas para encontrar um público relevante aos negócios.”
A rede social de vídeos Kwai lançou oficialmente a ferramenta de shopping virtual no Brasil em outubro de 2024, depois de mais de um ano de testes. Assim como no TikTok Shop, o pagamento é feito na própria plataforma. “As categorias mais procuradas são de eletrônicos, produtos de beleza e para casa”, afirma a diretora-geral do Kwai para o Brasil, Claudine Bayma, acrescentando que a empresa já investiu mais de R$ 7 bilhões na operação no país.
A Kwai não tem estoque próprio e conta com parceiros logísticos para fazer a entrega das mercadorias. “Mas temos meta de investir mais na parte logística para melhorar a experiência do consumidor. Também queremos ampliar o estoque de produtos”, diz Bayma.
Em um cenário de cabo de guerra pela atenção e pelo dinheiro do consumidor, quem perde é aquele que ficar de fora dos novos shoppings virtuais, alerta o fundador e presidente do estúdio de conteúdo Snack, Nelson Botega. “Estamos vivendo um momento histórico do que pode significar uma virada de chave no comércio”, diz. As informações são do jornal Valor Econômico.
