Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2025
Um levantamento realizado de forma inédita pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) de Porto Alegre aponta que 71,6% das árvores do Centro Histórico e do 4º Distrito (Zona Norte) ficaram submersas durante a enchente de maio do ano passado. Destas, mais de 10% não resistiram.
O estudo foi detalhado nessa quarta-feira (7), durante palestra no âmbito da Semana da Superação e da Solidariedade, programação temática que marca um ano desde o início das enchentes que se tornariam a pior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul. A coordenadora de Arborização Urbana da Smamus e coordenadora do estudo, Verônica Riffel, enumerou:
“Das 6.285 árvores existentes na região, 4.449, ou seja 71,6%, ficaram submersas durante vários dias. A partir de uma amostragem de diferentes espécies, 10,4% foram classificadas como mortas, em razão da falta de oxigenação nas raízes e nos troncos. Outras 5,9% estavam em condições ruins e 78,4% apresentavam estado bom ou regular”.
Ainda segundo ela, a vegetação mais afetada pelas inundações foi a de menor porte, com até 9 metros de altura e diâmetro à altura do peito inferior a 40 centímetros, demonstrando maior vulnerabilidade ao longo período em que permaneceram submersos:
“Identificamos que os fatores determinantes para a resistência foram a altura e o diâmetro do tronco. As árvores maiores, em função de suas raízes mais profundas, conseguiram manter-se sadias e estáveis durante o período”.
A pesquisa também aponta que 80% das árvores em pior estado estavam no sistema viário (ruas e avenidas). E que tanto espécies nativas (47,5%) quanto exóticas (52,5%) sofreram com o longo período abaixo da água.
O estudo de impacto da enchente na arborização foi viabilizado por meio do sistema digital “Arbolink”, que permite o mapeamento e o monitoramento preciso das árvores da cidade. Integrado ao programa “POA+Verde”, o sistema tecnológico oferece ferramentas com tal finalidade.
Com isso, possibilita-se o registro de informações como espécie, altura total, altura do tronco, diâmetro do tronco e da copa, além das condições de saúde de cada exemplar. O diretor da Propark e responsável pela ferramenta, Marcelo Leão, salienta que o uso de inteligência artificial reduziu consideravelmente a subjetividade das avaliações técnicas.
Políticas públicas
O objetivo do estudo é compreender como a vegetação urbana reage aos eventos climáticos extremos para definir políticas públicas capazes de garantir a preservação das espécies na cidade. O titular da Secretaria Municipal, Germano Bremm, salienta:
“Sabemos do papel fundamental que a arborização tem na adaptação climática e mitigação de gases de efeito estufa. Por isso, usamos a tecnologia para compreender como as espécies se comportam para agirmos de forma assertiva e garantir a sobrevivência das espécies”.
(Marcello Campos)