Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O empoderamento feminino, tema que, hoje, une e reúne mulheres (há casos em que também desune: vide recentes declarações, dissidentes da bela Catarine Deneuve), buscando o que, acreditam, lhes está sendo negado por uma sociedade machista, que é (ou seria) a nossa. A novidade é antiga.
As mulheres foram, desde sempre, titulares gerenciais do espaço doméstico. Inclusive, de uma forma quase anárquica, nos tempos largos de transição, exames Arqueológicos e Antropológicos informam e confirmam a marca feminina no cenário. Eram fases, momentos de evolução milenares e duradores. Sem data fixa, no que seria, afinal, o rumo ao Homo Sapiens, deixando ao largo as etapas os nossos ancestrais de Cro-Magnon e de Neandertal.
Nessa ocasião, porque permaneceram radicadas nas – ou em torno das – cavernas, formavam as mulheres grupos, aproximados geograficamente, pela vizinhança e pela permanência (além da óbvia identificação de semelhança sexual), que se foram estruturando funcionalmente.
O estimulo natural ao corporativismo (isto é, “somos um grupo, temos fortes traços de parecença, vivemos aspirações e enfrentamos dificuldades comuns”) gerou primitivas estruturas, criadas por quem tinha poder (as mulheres) e utilizadas por quem as criara para exercer o poder (as mulheres, mais uma vez), comandando “exércitos” de seus jovens filhos.
Era – e não foi por tão pouco tempo – o Matriarcado, etapa da História – em que a Mulher deteve e usou inequívoco poder de mando. Não devemos nos olvidar que, desconhecendo a relação de fecundação (a cópula especificamente) com a gravidez, homens e mulheres desses tempos atribuíam a decorrência de gravidez a um (ou a vários) fatores específicos da estrutura e/ou da fisiologia feminina. Quando, no retorno das andanças predatórias masculinas (a caça e a pesca), das quais traziam para as cavernas provisões para distribuição coletiva – as vezes, ocorrendo escambo: noutras, “pagando os caçadores/pescadores ao poder feminino uma espécie de tributo, como submissos dependentes – obviamente ocorriam emparceiramentos que, muitas vezes levariam à gravidez, ao parto e os filhos consequentes.
Como houve um tempo largo em que não se aperceberam as partes do processo de causa e efeito do fenômeno da Vida, os pais não tinham a menor noção de que os nascidos eram fruto de um ato comum em que eles eram indispensáveis parceiros operacionais.
Como, independente da percepção da parceria funcional – do amor não se falaria e ninguém dele falta sentiria? – mulheres engravidavam, partos ocorriam e crianças nasciam, a primitiva sociedade do matriarcado tinha “absoluta certeza que, saindo do ventre interno, o bebê só tinha uma origem e, por consequências, uma dependência: com a mãe. Não estaríamos falando impropérios se garantíssemos, em alto e bom som, que, nesse tempo, todos eram uns filhos da mãe”.
Fácil deduzir o quanto era desnivelada tal sociedade: de um lado, as mulheres, administrando, com sua permanência e uso a área de posse, isto é, território ocupado (e a ocupar) pelo grupo.
Delas, pois, se exigiria (?) e a elas o direito se asseguraria de, para sobrevivência do modelo, montar uma programação executiva – sem ter ideia de que o faziam e de como o faziam – de política demográfica. Do que não se pode duvidar é que o fizeram!
Por serem titulares da gravidez, tinham o domínio dos números futuros. Sabiam quando e quanto aumentaria a população. Era a matemática dos nascituros, o que lhes permitia, mesmo primitivamente (detendo a informação: do óvulo ao túmulo), agir.
Aliás, de fato, o faziam, como proprietárias do poder.
Aos homens, dispersos nas andanças, trilhando a vida sem calendário, ignorando a titularidade de sua maior missão ante a espécie, sem saber de partidas e/ou chegadas, restava obedecer. Enfim, submeter-se a um empoderado tempo feminino em que nunca as mulheres deixaram que houvesse dúvida de quem era, por competência, titular do poder.
Depois de tudo isso, a bela Catarine Deneuve não teria razão?
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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