Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2021
Impedido pela Fifa de ter envolvimento formal com o futebol, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Marco Polo Del Nero segue atuando diretamente nos bastidores da entidade, principalmente em oposição ao atual mandatário, Rogério Caboclo. Segundo informações do jornalista Pedro Ivo Almeida, da ESPN, Del Nero atua nos bastidores da confederação indicando funcionários, tendo contato com o cotidiano da CBF e até mesmo participando de discussões sobre contratos, que envolvem vultosas quantias em dinheiro.
Em uma das gravações obtidas, o recém eleito presidente Rogério Caboclo e o então diretor de seleções, Edu Gaspar, em julho de 2018, tratam da renovação de contrato do técnico da seleção, Tite, após a Copa do Mundo, deixando claro que era necessário consultar o mandatário para tal atitude.
“Falei para você e para o Marco Polo de darmos esse passo para trás para poder manter a nossa estrutura de trabalho”, disse Edu, tentando convencer Caboclo a mudar de ideia sobre a demissão do técnico.
“Eu não tomo decisões sozinho. Tem o (Coronel) Nunes aqui (então presidente em exercício), tem o Marco Polo”, rebateu Caboclo.
Assim que assumiu o comando da entidade máxima do futebol nacional, Caboclo reforçou o discurso de que faria mudanças profundas na confederação. Para isso, o mandatário tinha em mente que a troca do técnico era uma das medidas a ser tomada.
“É dar uma sinalização que existe uma mudança de chefia. A gente está falando basicamente do Fábio, eventualmente do Cleber… e o Sylvinho?”, disse Caboclo, defendendo as saídas do auxiliar Cleber Xavier e do preparador físico Fábio Mahseredjian.
Segundo os áudios obtidos pelo jornalista, Edu Gaspar tinha o papel de ponderar as investidas de Caboclo, como nesse caso, em que defendeu que as mudanças poderiam comprometer o trabalho a longo prazo.
“Ia sugerir: a gente mantém a nossa equipe de trabalho até a Copa América, com uma responsabilidade, minha e do Tite, de sentar em janeiro (2019) ou dezembro (2018) para ver se as coisas continuam funcionando da forma que a gente espera para que façamos uma nova reflexão sobre isso. Se caso a gente faça uma mudança na estrutura de trabalho, eu acho, e o Tite também, que é um passinho para trás”, argumentou Edu.
Em outro momento, Caboclo admite que não é o responsável pela palavra final na CBF. O dirigente afirma que, além de Del Nero, o Coronel Nunes, também ex-presidente de entidade, ainda tinha poder de influência nas decisões.
“Eu não tomo decisões sozinho. Tem o Nunes aqui, tem o Marco Polo. Marco está até com uma expectativa boa do julgamento que ele vai ter no tribunal”, disse, referindo-se a um recurso de Del Nero junto à Corte Arbitral do Esporte.
Edu Gaspar ainda deixa claro, em outro trecho, que as decisões precisam passar pelo crivo de Del Nero, afirmando, inclusive, que ia consultá-lo, uma vez que seria o dirigente quem “bate o martelo”.
“Eu não divido isso. Eu só falo isso para você e para o Marco Polo. Pensei muito nisso. Algo aceitável, razoável. Deixo aí”, disse.