Quinta-feira, 16 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 4 de agosto de 2015
Preso preventivamente nessa segunda-feira em nova fase da Operação Lava-Jato, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é apontado pela PF (Polícia Federal) como um dos responsáveis por criar o esquema de corrupção na Petrobras. As investigações indicam que ele repetiu na estatal o esquema adotado no mensalão.
Segundo o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, Dirceu era aquele que tinha responsabilidade de indicar nomes. “Ele aceitou a indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços na Petrobras, e essa diretoria iniciou todo um trabalho de cooptação de empreiteiras, dando início ao esquema de corrupção na estatal”, afirmou.
Ainda de acordo com Lima, esse esquema durou inclusive durante as investigações do mensalão.
Dirceu na Lava-Jato
Dirceu virou alvo dos procuradores da Lava-Jato porque várias empreiteiras sob investigação fizeram pagamentos à empresa de consultoria que ele abriu depois de deixar o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, no auge do escândalo do mensalão.
O ex-ministro faturou como consultor 39 milhões de reais de 2006 a 2013. Empresas investigadas pela Lava-Jato pagaram a ele 9,5 milhões de reais, em um período em que o diretor de Serviços da Petrobras era Renato Duque, apontado como afilhado político de Dirceu – o que ele nega – e que atualmente está preso em Curitiba, no Estado do Paraná.
Os procuradores desconfiam que alguns desses pagamentos eram propina para facilitar negócios das empreiteiras com a estatal. Dirceu disse que sua empresa prestou serviços, ajudando seus clientes a prospectar negócios e resolver problemas no exterior.
O ex-ministro foi citado pelo ex-executivo da Toyo Setal Julio Camargo durante depoimento dele à Justiça Federal do Paraná. Camargo afirmou que entregou 4 milhões de reais em dinheiro vivo a Dirceu a pedido de Duque.
Dois dos antigos clientes de Dirceu, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, e o lobista Milton Pascowitch, fizeram acordo de delação premiada para colaborar com as investigações e associaram alguns dos pagamentos à propina paga ao PT para garantir seus contratos com a Petrobras.
Conforme eles, esses pagamentos foram feitos sem que qualquer serviço fosse prestado, por causa da influência de Dirceu no PT, e com a concordância do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, que também está preso em Curitiba e é apontado como principal operador do PT no esquema de corrupção. (Folhapress)