Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está decidido a indicar o advogado Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula manifestou a convicção em conversas com vários interlocutores, recentemente, e não escondeu a contrariedade com os fortes ataques a Zanin por parte de petistas.
Um desses diálogos ocorreu quando o presidente esteve em Lisboa, no mês passado. Em reunião reservada, com a presença de empresários, Lula disse não estar preocupado com possíveis repercussões negativas por escolher seu advogado para ocupar a cadeira do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou no STF.
Ainda nesta semana, Lula pretende ter uma conversa definitiva sobre o assunto com Lewandowski, que completa 75 anos na próxima quinta-feira (11). O candidato favorito de Lewandowski é o advogado Manoel Carlos de Almeida Neto, que trabalhou na Corte e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente foi informado, porém, de que o ex-ministro entenderia se essa não fosse sua primeira escolha e quer conferir se ele pode fazer um gesto de apoio a Zanin.
Além disso, Lula vai se reunir com outros ministros do STF, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, para ter certeza do melhor momento para apresentar sua indicação. Não fez isso até agora por causa da agenda atribulada, entremeada por viagens internacionais e problemas na articulação política com o Congresso.
O incômodo com as pressões recebidas e com o tiroteio na direção de Zanin também foi externado pelo presidente durante recente conversa com integrantes de seu gabinete, no Palácio do Planalto. A portas fechadas, Lula afirmou não ser segredo para ninguém que Zanin é seu “candidato do coração” e mostrou inconformismo com a ofensiva deflagrada pelo PT contra ele.
Na avaliação do presidente, essa investida também o atinge porque, ao alvejar quem o defendeu nos processos da Lava Jato e tornou possível o seu retorno à política, o partido confronta o próprio governo.
De acordo com relatos obtidos pelo Estadão, Lula disse que sempre esteve disposto a examinar outros nomes, até mesmo para ouvir opiniões sobre perfis para uma segunda vaga no Supremo. Ao observar que todos ali tinham conhecimento disso, escancarou o aborrecimento com advogados do seu círculo de amizade, que, na sua opinião, agem para desgastar a imagem de Zanin.
Desde que o presidente mostrou preferência pelo homem que o livrou da prisão, definido por ele como uma “revelação jurídica”, Zanin passou a ser alvo de intenso bombardeio. As críticas à escolha de Lula repetem as feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que também optou por indicar ao Supremo duas pessoas de sua confiança – Kassio Nunes Marques e André Mendonça –, ao invés de se basear apenas em critérios técnicos. “Vou indicar quem toma cerveja comigo”, justificou Bolsonaro, à época.
A campanha pela cadeira de ministro do Supremo virou um vale-tudo e apareceram até mesmo problemas pessoais, brigas e disputas envolvendo Zanin, como seu rompimento com o sogro, o também advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula há 40 anos.
Houve, ainda, quem apontasse “impedimento ético” e “conflito de interesses” do advogado para assumir a vaga no Supremo, uma vez que ele defendeu Lula nos processos da Lava Jato. Mas, de uns tempos para cá, magistrados saíram em sua defesa.
“Não vejo nenhum obstáculo para a indicação de Zanin, que eu reputo como um ótimo advogado e muitas vezes foi incompreendido”, disse Gilmar Mendes.
A opinião foi endossada por seu colega de STF Luís Roberto Barroso. “A escolha de alguém com quem se tem relação pessoal não representa conflito ético nem moral, desde que o indicado tenha idoneidade e qualificação técnica”, afirmou Barroso. Na mesma linha, a ministra Cármen Lúcia destacou que Zanin possui todos os requisitos para compor a Corte, como “notório saber jurídico” e “reputação ilibada”.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também deu sinal verde para a indicação. “Sobre o Zanin, nunca ouvi resistências”, disse em recente entrevista ao jornal O Globo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.