Quarta-feira, 23 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2020
Centenas de manifestantes se reuniram em Jerusalém para protestar na frente da residência oficial do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O país tem observado uma crescente irritação com o governo de Netanyahu por conta de acusações de corrupção em casos de pagamento de propina, fraude e quebra de confiança em contratos.
A atuação do governo no combate ao coronavírus também é motivo de descontentamento da população. Em maio, Israel suspendeu um lockdown parcial que achatou a curva de infecção, mas uma segunda onda de casos de Covid-19 e novas restrições fizeram com que a taxa de aprovação de Netanyahu caísse abaixo de 30%.
Muitas restrições foram aliviadas desde então para reaquecer a atividade econômica, mas o desemprego está em 21,5% e a economia deve ter uma contração de 6% em 2020.
Acordo
O primeiro-ministro voltou a aparecer após o pacto de Israel com os Emirados Árabes, que promete normalizar as relações diplomáticas entre as duas nações do Oriente Médio.
Ainda assim, partes da população têm se mostrado insatisfeitas com o tratado, principalmente em relação à suspenção da declaração de soberania de Israel sobre as áreas da Cisjordânia que vinha discutindo anexar. O primeiro-ministro negou que essa decisão seja definitiva, e confirmou que este foi um pedido dos Estados Unidos, responsáveis por mediar o acordo.
Bombardeios
O exército de Israel anunciou na madrugada de domingo (16) uma nova série de bombardeios contra posições do Hamas na Faixa de Gaza. Os comandantes alegam represália ao lançamento de balões incendiários a partir do enclave palestino contra o território israelense. Depois dos bombardeios, o exército anunciou o fechamento da zona marítima da Faixa de Gaza “até nova ordem”, o que impede a entrada no mar das embarcações de pesca palestinos.
Durante a noite também foram registrados confrontos ao longo do muro que separa Israel de Gaza, informaram fontes palestinas. As Forças Armadas israelenses afirmaram que várias pessoas “queimaram pneus, lançaram artefatos explosivos e granadas contra a barreira de segurança e tentaram se aproximar da mesma”. Ao longo da semana, o exército israelense executou vários bombardeios noturnos contra posições do movimento islamita que controla o território palestino, em resposta aos lançamentos de balões incendiários que em alguns casos provocaram incêndios no sul de Israel, 19 apenas no sábado (15), segundo o corpo de bombeiros e o serviço de resgate do país.
Em resposta, “aviões de combate atacaram posições do Hamas na Faixa de Gaza”, incluindo “infraestruturas subterrâneas” do grupo palestino, indicaram as forças militares do Estado hebreu em um comunicado.
As autoridades israelenses também reduziram durante a semana a zona de pesca no Mediterrâneo para os moradores de Gaza e fecharam Kerem Shalom, a única área de passagem de mercadorias entre Gaza e Israel, que submete o empobrecido território palestino a um bloqueio. Apesar da trégua decretada no ano passado, após a mediação da ONU, Egito e Catar, Hamas e Israel, que já protagonizaram três guerras (2008, 2012, 2014), travam combates esporádicos que incluem lançamentos de foguetes, obuses de morteiro ou balões incendiários a partir de Gaza. Israel considera os ataques uma provocação a sua soberania e uma ameaça à segurança do país. O exército responde às ações com bombardeios. De acordo com analistas palestinos, os disparos a partir de Gaza teriam o objetivo de pressionar Israel a autorizar a entrada no território da ajuda financeira mensal do Catar, prevista no acordo de trégua.