Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2020
Dores musculares, dificuldade para levantar da cama pela manhã e total falta de energia durante o dia podem indicar estresse. O neurocientista brasileiro Fabiano de Abreu Rodrigues, com diversos estudos científicos sobre a mente, afirma, no artigo científico publicado pelo Brazilian Journal of Development com o título “Relação entre a fadiga, dependência de dopamina com as disfunções neuronais” publicado dia 5 deste mês, que o corpo responde diretamente aos estímulos mentais. “A elevada atividade cerebral, motivada pelo estresse, cria uma relação de dependência de dopamina e desregula as funções neurais, isso gera desequilíbrio no organismo”, explica.
O excesso de demandas e tecnologias tem agravado este quadro inclusive nos pequenos. “Em outro estudo meu, publicado em 2018, mostrei inclusive como este cenário afeta o desenvolvimento cognitivo nas crianças, que têm tido um QI menor em relação aos seus pais”, alerta. De acordo com seu artigo, Fabiano alerta que a fadiga é um dos piores males vivenciado pelos seres humanos, fenômeno resultante da disfunção entre a dopamina e o cortisol, segundo os estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“A fadiga é dividida em etapas: Fadiga Adrenal e Fadiga Muscular. A primeira é a dificuldade do corpo em lidar com o estresse alto, resultando nas disfunções das glândulas. A segunda é causada pelo excesso de atividades físicas, são aquelas dores musculares”, explica Abreu.
Também existe a Fadiga Crônica, vinculada à alta carga de estresse decorrente da vida profissional e familiar, e a Fadiga Mental, quando a mente fica sobrecarregada de informações. “Ainda há outros tipos, menos conhecidos: a Fadiga Sensorial atinge a parte sensorial do corpo humano, neste caso, ouvidos, olhos e paladar; e a Fadiga de Verão, que ocorre nos períodos mais quentes, levando à desidratação do corpo”.
Fabiano revela que quando existe uma situação contínua surge a fadiga crônica, que passa a ser considerada como Síndrome da Fadiga Crônica (SFC). “Não existe uma resposta concreta para como se dá essa doença, apesar do avanço tecnológico, porém alguns estudos apontam que a fadiga possa vir dos neurotransmissores”.
Os neurotransmissores são responsáveis por transmitir as informações por meio das pré-sinapses e pós-sinapses, ativando a interação com as células. Entre os neurotransmissores, uma das substâncias mais importantes é a dopamina, conhecida como a “célula do prazer”. Quando as liberações são insuficientes, ela ativa o cortisol, que aumenta significativamente suas substâncias para imunização contra doenças, isso cria a sensação de fadiga, consequentemente existe uma disfuncionalidade dos neurotransmissores.
“Outros fatores importantes são os receptores, elementos importantes para captação de energia na qual esperam receber o suficientemente para transmissão de energia para as células, mantendo assim o bom funcionalismo orgânico do corpo”, detalha Fabiano de Abreu. Segundo o pesquisador, estar fadigado não significa estar cansado, mas que existe um distúrbio neural daquilo que desregulamenta nosso sistema imunológico.
Tais fenômenos podem ter causas genéticas e ambientais, que envolvem traumas, estresse e ansiedade. “A minha proposta é traçar hábitos para comportamentos que geram fadigas, pois existem comportamentos diferenciados das pessoas que trazem consigo distúrbios dos neurotransmissores”.
Existe solução? Sim existe. Fabiano aconselha hábitos aparentemente simples. “Dormir oito horas e ter atividades de lazer, como leitura e de livros e se afastar algumas horas por dia das telas”. Caminhar, tomar sol, ter atividade física e dieta balanceada. “Gosto de recomendar a dieta mediterrânea, que prioriza o consumo de grãos, vegetais e é rica em azeite extravirgem”, recomenda. Não são metas difíceis, o problema, é serem negligenciadas. “É necessário abrir espaços no dia a dia para estes momentos, é uma questão de saúde”.