Quarta-feira, 10 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de fevereiro de 2019
Não será fácil a tarefa do Banco do Brasil de vender sua filial nos Estados Unidos, o BB Americas. A gestão de Rubem Novaes fará uma nova tentativa para achar um interessado na subsidiária, que tem mais de US$ 600 milhões em ativos sob gestão. No passado, nomes como XP Investimentos e Santander Brasil sondaram o ativo, mas as conversas não evoluíram. Agora, também parecem não se animar com a possibilidade. Para os grandes bancos, não interessa, uma vez que todos já têm aval para operar na Flórida – onde está o BB Americas. O Itaú Unibanco, por exemplo, obteve a bênção do Banco Central na semana passada para abrir uma agência por lá e que deve consumir US$ 18 milhões em investimentos. O BB também quer vender o controle do argentino Patagônia.
Balança
Com foco em remessas de brasileiros, o BB Americas é pequeno e a leitura da direção do banco estatal é de que não faz sentido mantê-lo. Como atrativos para um eventual comprador está o fato de que entre 10% e 15% dos valores aplicados pelos clientes endinheirados do Brasil estão em ativos no exterior, especialmente em operações via BB Americas. Outro chamariz é a carteira de financiamento imobiliário nos EUA. Na contramão, há a perspectiva de eventual necessidade de aumento de capital por conta de algumas operações como, por exemplo, cartões, o que pode puxar o preço do ativo para baixo.
Hub Miami
O BB Americas possui cinco agências e teve origem no EuroBank, adquirido pelo BB em 2012. No ano seguinte, chegou a negociar a compra do City National Bank of Florida, unidade norte-americana do espanhol Bankia, que acabou indo para as mãos do chileno BCI. Miami funciona como hub dos bancos para a América Latina. Há, contudo, diversos bancos à venda nos EUA. Procurados, BB, XP e Santander não comentaram.
“Mais eficiente se fosse privatizado”
O Banco do Brasil seria mais eficiente se fosse privatizado e todos os funcionários ganhariam com isso, afirmou recentemente o presidente da instituição, Rubem Novaes.
“Mas essa não é a política do governo, essa é uma posição pessoal. Espero que um dia se chegue a essa conclusão, mas acho que o País ainda não está preparado para essa ideia”, afirmou.
Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do presidente Jair Bolsonaro, já indicou que o governo deve manter o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras fora do rol de privatizações.
Novaes foi indicado para a presidência do banco pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Eles são amigos desde os tempos em que estudaram na Universidade de Chicago (EUA), berço do liberalismo econômico.
O BB reportou um lucro líquido ajustado (livre de efeitos extraordinários) de R$ 13,5 bilhões em 2018, uma alta de 22% em relação ao ano anterior.
“Se o banco fosse privado, teria um resultado melhor do que tem hoje”, disse Novaes durante a divulgação do balanço.
“Temos essa ambição [de dar um retorno similar ao de instituições privadas]. O banco público sempre tem alguns entraves, não temos a mesma liberdade que os bancos privados para tomar certas decisões.”
Questionado se a instituição passou por uma “petização” ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, Novaes disse que “se houve esse movimento, foi no passado já remoto”.