Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2018
Mais de 2 milhões de assinantes deixaram de ser clientes de TV paga entre março de 2015, auge do setor, e outubro deste ano. É uma queda superior a 10% da base de clientes. Os dados são da Anatel, a agência de regulamentação.
O serviço por satélite, que é tradicionalmente mais usado por consumidores de entrada, perdeu 2,4 milhões de famílias —outras tecnologias compensaram parte dessa redução.
A crise econômica explica o desempenho, de acordo com a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura).
Aliado à recessão, há o receio de inadimplência, que fez as operadoras cortarem as ligações dos assinantes com agilidade e serem criteriosas na hora de aceitar clientes, segundo Oscar de Oliveira, presidente executivo da entidade.
“A troca de TV paga por consumo pela internet não explica, nesse momento, os resultados. Por enquanto ainda há muita complementaridade.”
Os números devem melhorar nos próximos anos, com uma retomada econômica, diz.
A perda de clientes fez com que as programadoras (donas dos canais) passassem a cobrar mais caro das operadoras, segundo um executivo que não quer ser identificado.
O preço é mais baixo se a base de assinantes for maior. Os termos dos contratos têm sido rediscutidos.
Para produtoras de conteúdo, a queda da TV paga e o crescimento do streaming fazem com que o licenciamento seja negociado de uma vez só, segundo Cláudio Lins de Vasconcelos, advogado do escritório que leva seu sobrenome.
“Antes, os produtos eram negociados na TV fechada e depois nos canais abertos. Agora é uma rodada só.”
Repensando o negócio
A indústria de TV por assinatura sempre argumentou que a retração do mercado, irrefreável desde 2015, explica-se pela crise econômica e não pela competição de serviços de streaming, como a Netflix.
Executivos do setor ainda defendem a manutenção do modelo atual de oferta de pacotes com centenas de canais em oposição à demanda por modelos mais customizados, de acordo com os interesses específicos dos clientes.
Eles consideram que rever este modelo pode implicar em perdas consideráveis para um negócio que gera receitas bilionárias.
Agora em novembro tornou-se explícito algo que, no momento, preocupa o setor bem mais do que a Netflix. Trata-se da oferta de serviços de transmissão esportiva ao vivo, diretamente a assinantes, sem a intermediação de operadoras, como têm feito Premiere (Globosat), Fox e ESPN.
O sujeito que antes assinava um pacote de TV paga com uma infinidade de canais apenas para poder assistir jogos ao vivo agora conta com a opção de contratar um serviço específico, disponível via internet.
Na visão do grupo Claro Brasil (inclui a Net), o principal do país, com cerca de 8,8 milhões de assinantes, esta prática fere a legislação referente à TV paga. “Pode gostar ou não (da lei), pode trabalhar para revogá-la, mas é a que existe e está sendo descaradamente infringida e ninguém fala nada”, disse José Félix, CEO do grupo, em entrevista a Samuel Possebon, do site Tela Viva.
Em resposta a Félix, Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat, disse que a internet está excluída da lei da TV paga. E ponderou: “Não queremos destruir o negócio delas (operadoras) nem fazer nada predatório, e oferecemos o Premiere diretamente ao consumidor de internet pelo mesmo preço direto que a operadora cobra”.
Outra movimentação intensa neste mercado está sendo feita pela Globo. Por um lado, está incrementando o seu serviço de streaming com produções exclusivas, protagonizadas por algumas de suas maiores estrelas.
Por outro, vem engordando o cardápio com a oferta de séries estrangeiras. Entre muita velharia (ou “clássicos”, na visão dos fãs), como “House”, “Dawson’s Creek” e “Mad About You”, também há produtos mais recentes, como “The Good Doctor”. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.