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Tito Guarniere Pesadelo

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Com a pandemia da Covid-19, deve-se usar máscaras sempre e já na primeira dorzinha de garganta é preciso procurar assistência médica. (Foto: Reprodução)

Na pandemia sigo a ciência. No começo ela, a ciência, através da Organização Mundial da Saúde, e de infectologistas e epidemiologistas que sabem tudo sobre o assunto, diziam que não era necessário usar máscara. Estranhei. Se a boca e o nariz eram as principais vias de entrada do vírus no organismo, por que a máscara não seria útil? Mas não se deve duvidar da ciência.

Também diziam eles – os da ciência – que mesmo diante dos primeiros sintomas, não era para sair correndo aos consultórios e postos médicos, emergências de hospital e coisas assim. A covid-19 se tornou a única doença em que era melhor deixar para outro dia do que tratar de imediato. Melhor remediar do que prevenir.

Bem, essas considerações “científicas” com o tempo foram revisadas: agora deve-se usar máscaras sempre e já na primeira dorzinha de garganta é preciso procurar assistência médica. Mudou a ciência e mudei eu, disciplinado que sou, avesso aos negacionismos e contorcionismos.

Cidadão pacato, obedeci os protocolos, essa palavra mágica que era antes de domínio dos burocratas – não existe vida na burocracia sem o carimbo de protocolo. Agora passou a ser essencial também no mundo médico: há protocolos para todos os gostos, ai de quem os ignore.

Obviamente, por lógica e decorrência, passei longe de medicamentos como cloroquina, a ivermectina, e outros menos votados como o zinco. Para mim este último quando muito era material de construção, como no clássico da MPB, de Herivelto Martins, “Ave Maria no Morro”: “Barracão de zinco sem telhado, sem pintura, lá no morro, barracão é bangalô”.

Em meio à pandemia, acompanhei de perto tudo o que se escreveu sobre a vacina. Achei que o presidente Jair Bolsonaro era só contra a vacina Coronavac do Doria, o governador de São Paulo, porque era chinesa e porque era do Doria. Mas não, ele parece ser contra qualquer vacina, embora tenha ligeira simpatia pela AstraZeneca-Oxford, que ele encomendou (meio a contragosto) à Fundação Oswaldo Cruz.

Achei que ele estava brincando, usando uma espécie de licença poética no seu melhor estilo – o estilo caneludo – quando ele disse que a vacina pode transformar o pobre vacinado em jacaré. Confesso que fiquei um pouco preocupado. Presidente deve saber o que está falando.

Esqueci um pouco o assunto, até chegar o dia da minha primeira dose de vacina. À noite tive um pesadelo horrível. Sonhei que nas minhas costas estavam nascendo escamas duras, uma casca grossa, e que os meus braços estavam encurtando, ficando desproporcionais em relação ao corpo.

Sim, caros leitores, como o famoso personagem Gregor Samsa, da novela de Franz Kafka “A Metamorfose”, que se descobre mudando em barata, eu sonhei que estava me transformando em jacaré!

(Por favor, não façam como o bolsonarista de raiz, ex-ministro da Educação(?) Abraham Weintraub, que confundiu Kafka com uma comida árabe, o kafta ou cafta).

Dia sim, outro também, confiro se nas minhas costas não está nascendo uma escama grossa. E todos os dias religiosamente pego uma trena e vejo se os meus braços estão do mesmo tamanho.

 

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