Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2025
TH foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (3).
Foto: ReproduçãoO ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, é apontado pela Polícia Federal e pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como responsável por movimentar valores milionários em espécie a partir de 2021. Segundo as investigações, o grupo ligado a ele teria operado R$ 140 milhões em cinco anos.
A ostentação de dinheiro vivo fazia parte da rotina de TH. Em fotos apreendidas pela polícia, ele aparece deitado sobre uma cama coberta de cédulas, em registros que teriam sido feitos em sua casa, na Barra da Tijuca, ou na residência de Gabriel Dias Oliveira, o Índio, também investigado. Os policiais acreditam que, em uma das imagens, o ex-deputado esteja posando com R$ 5 milhões pertencentes a traficantes.
TH foi preso pela Polícia Federal na quarta-feira (3). Para os investigadores, ele, Dudu e Índio patrocinavam um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro. Relatórios de inteligência financeira apontam movimentação de grandes quantias em espécie, uso de “laranjas”, empresas de fachada, operações de câmbio paralelo e transferências incompatíveis com a renda declarada.
A investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, com apoio do Ministério Público Federal, indica que parte das operações beneficiava o traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, foragido há mais de dez anos. O esquema teria convertido milhões de reais em dólares a seu favor.
De acordo com a PF, apenas entre abril e maio de 2024, TH enviou para Pezão US$ 1,7 milhão. Em abril, cuidou da conversão de R$ 5 milhões em US$ 1 milhão. O dinheiro foi fotografado por Índio em sua casa, no Complexo do Alemão, no dia 16 daquele mês. No dia seguinte, TH teria retirado os valores no local. Parte foi entregue a Dudu, em Copacabana, para operações de câmbio, enquanto o restante foi guardado na casa de TH. Uma fração, cerca de US$ 60 mil, foi trocada de imediato com um doleiro; o restante foi convertido nos dias seguintes.
No mês seguinte, Pezão entregou R$ 4 milhões e recebeu US$ 750 mil. Para os investigadores, TH cobrava taxas mais altas que as praticadas por doleiros, ficando com a diferença como lucro.
As apurações revelam ainda que, em 2022, Pezão retornou ao Complexo do Alemão após anos foragido. No ano seguinte, a PF interceptou conversas de Índio relatando a TH a necessidade de enviar valores ao traficante. Em uma das ocasiões, foram entregues R$ 55 mil em espécie para o pagamento de armamentos, incluindo bazucas antidrones.
A Polícia Federal destaca que o uso sistemático de grandes somas em dinheiro vivo tinha como objetivo evitar os mecanismos de controle bancário: “A movimentação constante de vultosos valores em espécie evidencia a intenção de ocultar a origem ilícita dos recursos e branquear os proventos do crime”, registrou a corporação.
A defesa de TH Joias classificou as acusações como “absurdas” e disse se tratar de perseguição política: “Trata-se de repetição de fatos já explorados anteriormente, em claro movimento de perseguição a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro. Até o momento, não tivemos acesso integral aos autos, o que fere o direito ao contraditório e à ampla defesa. Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e comprovar a inocência do deputado”, afirmou em nota.
As defesas de Dudu e Índio não foram localizadas para comentar o caso.