Quinta-feira, 02 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 2 de março de 2018
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou um tom desafiador nesta sexta-feira (02) para responder às críticas a seu plano de adotar tarifas de importação sobre o aço e o alumínio, dando a entender que uma guerra comercial seria bem-vinda. “Quando um país [EUA] está perdendo bilhões de dólares no comércio com virtualmente todos os países com os quais faz negócios, guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar”, escreveu Trump no Twitter.
“Por exemplo, quando estamos abaixo de US$ 100 bilhões com um certo país e eles ficam fofos, não negocie mais – nós ganhamos muito. É fácil!”, escreveu o presidente. Trump afirmou depois que o governo deve proteger o país e os trabalhadores e que a indústria do aço não está em uma boa fase. “Se você não tem aço, você não tem país”, afirmou.
Temores de uma guerra comercial atingiram nesta sexta-feira os mercados acionários da Ásia e Europa, principalmente o preço das ações de siderúrgicas e de fornecedores para o mercado norte-americano. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, abriu em queda de 0,8%, a 84.714 pontos.
Durante uma reunião na Casa Branca com representantes da indústria siderúrgica americana, Trump indicou na quinta-feira (01) que as tarifas sobre o aço devem chegar a até 25%, enquanto as taxas de importação de alumínio seriam de 10%.
Pequim reage
A China pediu nesta sexta-feira ao governo dos Estados Unidos para “conter” o uso de medidas protecionistas e “respeitar as regras” do comércio internacional. “Se outros países seguirem seus passos, isso teria um impacto grave na ordem do comércio mundial”, afirmou Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Hua Chunying reiterou a posição do ministério chinês do Comércio sobra as tarifas de importação sobre o aço e alumínio. Ela recordou que o governo dos Estados Unidos adotou mais de cem medidas contra as importações, o que significa uma “proteção excessiva para seus bens nacionais”. “A China pede que os Estados Unidos mostrem moderação no uso de medidas comerciais protetoras, respeitem as regras comerciais multilaterais e contribuam positivamente para o comércio internacional”, disse Hua Chunying.
A siderurgia se tornou um ponto-chave para Trump, que prometeu restaurar a indústria dos EUA e punir o que ele vê como práticas comerciais injustas, particularmente pela China. Embora a China represente apenas 2% das importações de aço dos EUA, a expansão da indústria chinesa ajudou a produzir um excesso de oferta global de aço que reduziu os preços.
Europa ameaça com retaliação
A chefe de comércio da União Europeia advertiu nesta sexta-feira sobre possível retaliação se o plano do presidente dos Estados Unidos de impor tarifas sobre as importações de aço e alumínio se aplicar à Europa. Falando em Cingapura, a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmstrom, ressaltou que qualquer ação que atinja a Europa seria “profundamente injusta”.
“Estamos discutindo diferentes medidas. Tudo, desde levar o caso à Organização Mundial do Comércio, sozinho ou com parceiros também afetados, e também medidas de proteção e possível retaliação”, disse Malmstrom.
O ministro do Comércio da Austrália, Steven Ciobo, disse que a decisão pode levar à retaliação por parte de outras economias e à perda de empregos. “A imposição de uma tarifa como essa não fará nada além de distorcer o comércio e, finalmente, acreditamos, levará a uma perda de empregos”, disse o ministro. A Austrália buscou uma isenção para suas exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos”, acrescentou.