Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2020
Facebook e Google, os dois maiores players no mercado de publicidade on-line, usaram uma série de acordos para consolidar seu poder de mercado ilegalmente, alegaram o Texas e outros nove Estados americanos em um processo aberto contra o Google na última quarta-feira (16).
Segundo o processo, o Google “repetidamente usou seu poder monopolista para controlar preços e engajar-se em conluios de mercado para manipular licitações, em uma terrível violação da Justiça”, afirmou o procurador-geral do estado, Ken Paxton, que lidera a ação.
De acordo com a queixa, Google e Facebook armaram um esquema para manipularem os leilões de espaço de propaganda no lucrativo mercado de publicidade on-line, principal fonte de receita de ambos.
Google e Facebook competem fortemente em vendas de anúncios na internet, capturando, juntos, mais da metade do mercado global. As duas empresas fecharam um acordo divulgado em 2018 para começar a dar aos anunciantes do Facebook a opção de colocar anúncios dentro da rede de parceiros de publicação do Google, diz o processo. Executivos do mais alto escalão das empresas assinaram o acordo, segundo a denúncia.
Por exemplo, um blog de tênis que usa software do Google para vender anúncios pode acabar gerando receita para um varejista de calçados que comprou anúncios no Facebook.
O Google fez parcerias semelhantes com outras empresas de publicidade como parte de um esforço para manter a participação no mercado. A iniciativa recebeu o codinome interno de Projeto Jedi, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Tratamento preferencial
Mas o que o Google não anunciou publicamente é que deu ao Facebook tratamento preferencial, alegou a denúncia. O Facebook concordou em desistir de oferecer suporte a softwares concorrentes, que desenvolvedoras rivais criaram para diminuir o poder de mercado do Google, dizem documentos da ação judicial.
“O Facebook decidiu lembrar ao Google sobre a ameaça da concorrência e então fechou um acordo para manipular o leilão de anúncios”, diz o processo, citando comunicados internos.
Em troca, disseram os Estados americanos, o Facebook recebeu vários benefícios, incluindo acesso aos dados do Google e exceções de políticas que permitiam que seus clientes recebessem injustamente mais anúncios do que os clientes de outros parceiros do Google.
O porta-voz do Google, Peter Schottenfels, descreveu as acusações dos Estados sobre a parceria como imprecisas e disse que o Facebook não recebe dados especiais. O Facebook não comentou.
Fixação de preços combinada
O processo também diz que o Google e o Facebook se envolveram na fixação de preços de anúncios e continuaram a cooperar, embora este trecho do documento tenha sido fortemente editado e não tenha deixado claro como e quando as empresas supostamente usaram seu “acordo de alocação de mercado”.
No entanto, a ação judicial afirma que, “devido ao escopo e à natureza extensa da cooperação entre as duas empresas, o Google e o Facebook estavam cientes de que seu acordo poderia acarretar violações antitruste. As duas empresas discutiram, negociaram e fixaram como cooperariam entre si”.
O Departamento de Justiça dos EUA também está investigando o acordo entre as empresas como parte de sua investigação antitruste sobre o Google, disseram seis pessoas familiarizadas com a investigação. Mas o Departamento de Justiça, que processou o Google por conduta separada em outubro, ainda não apresentou quaisquer alegações relacionadas ao acordo de 2018.