Segunda-feira, 08 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2025
O Estado da Flórida, nos Estados Unidos, planeja acabar com todas as exigências estaduais de vacinação, incluindo para que os alunos frequentem as escolas, anunciou na última quarta-feira (3) o cirurgião-geral do Estado, Joseph Ladapo – o cargo é equivalente ao de secretário estadual de Saúde no Brasil. A medida, segundo especialistas em saúde pública, pode provocar surtos graves entre crianças, turistas e pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Ladapo, juntamente com o governador da Flórida, Ron DeSantis, apresentou a questão da vacinação como uma escolha pessoal. “Cada uma delas (as exigências) está errada e transborda desdém e escravidão”, disse Ladapo em uma entrevista coletiva em Tampa. “Quem sou eu como governo ou qualquer outra pessoa, ou quem sou eu como um homem que está aqui agora para dizer a vocês o que fazer com seus corpos?”, questionou.
Ladapo disse que sua agência revogaria as exigências para cerca de meia dúzia de vacinas sob sua autoridade, mas precisaria trabalhar com a legislatura da Flórida, dominada pelos republicanos, em um pacote mais amplo de reformas. Ele não especificou quais exigências de vacinação sua agência eliminaria.
DeSantis, um republicano, fez da oposição às exigências e precauções contra a Covid-19 um princípio central de seu primeiro mandato. “A liberdade médica é algo que devemos proteger com muita consciência”, disse.
Todos os estados dos EUA têm requisitos de vacinação para frequentar escolas públicas, com exceções específicas que variam de acordo com a região. Na prática, a mudança da Flórida transformaria as exceções —que, no geral, carecem de justificativa, caso a família opte por não vacinar as crianças— em regra, sem justificativa necessária.
As taxas de vacinação para várias doenças, incluindo sarampo, difteria e poliomielite, diminuíram entre os alunos do jardim de infância dos EUA no ano letivo de 2024/2025, de acordo com dados federais.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) divulgaram os novos números em julho, em meio a um surto crescente de sarampo, com casos confirmados naquele mês atingindo o nível mais alto desde que a doença foi declarada eliminada nos EUA em 2000.
A médica Tina Tan, presidente da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, disse que a medida da Flórida “será um grande desastre”. “Haverá vários surtos de doenças evitáveis por vacinas e a propagação dessas doenças”, disse. “Essas crianças vão levar a doença para casa.”
Se a Flórida seguir adiante com a suspensão de todas as exigências de vacinação, isso também poderá afetar os requisitos de vacinação em creches ou outros locais que exigem imunização, acrescentou ela.
Isso também poderá colocar pessoas imunocomprometidas e incapazes de se vacinar em risco de doença e morte. E como a Flórida é um importante destino de férias, a medida poderá espalhar doenças para outros estados.
O médico Michael Osterholm, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota, considerou a decisão “imprudente”. “Todos os pais de crianças que morrerem ou forem hospitalizadas com uma doença que pode ser prevenida por vacina saberão exatamente o motivo”, disse Osterholm, que faz parte da organização do Projeto de Integridade de Vacinas, um grupo de especialistas em saúde pública e doenças infecciosas formado devido a preocupações com as mudanças na política de vacinação dos EUA. As informações são da agência de notícias Reuters.