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Colunistas Golpe em marcha

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Bolsonaro dedica uma parcela valiosa do seu tempo em distribuir culpas aos outros. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O estadista chama a si todas as responsabilidades. Bolsonaro é o inverso: ele dedica uma parcela valiosa do seu tempo em distribuir culpas aos outros, por tudo de errado que acontece no País.

Seguem o presidente, nos seus comuns descaminhos, as hordas dos seus apoiadores, em grande parte constituídas de pessoas raivosas e ressentidas, a quem falta discernimento, educação, leitura e delicadeza de alma. Presunçosas e sempre mal-humoradas, como o chefe, destilam reprimendas, se manifestam em conceituações toscas e preconceituosas.

Há maus sinais no horizonte. Um deles, o mais visível, é a obsessão pelo armamentismo. Quem comprará as seis armas que o recente decreto autoriza para cada cidadão, senão os seus seguidores fiéis, da direita e da extrema-direita? Para que o cidadão precisa de um pequeno arsenal de seis armas? Uma arma, duas armas, é a conta de quem quer se defender. Seis armas é para quem quer atacar.

Ao mesmo tempo, ele amplia a aliança com as forças armadas, militarizando o governo. Exército, Marinha e Aeronáutica retornam felizes às estruturas de poder – há muitas sinecuras para serem desfrutadas. Mas erodem o prestígio que acumularam desde a redemocratização.

Bolsonaro vai mais longe e estende os braços para as polícias estaduais, chegando a apoiá-las em motins, como aconteceu no Ceará, aventando o plano de criar a patente de general nas PMs, e fortalecendo os vínculos institucionais e operacionais com o poder central em Brasília.

A aliança com a Polícia Civil está selada. A instituição recebe de Bolsonaro todas as mesuras. A bancada da bala, formada em boa parte por delegados e policiais civis, apoia e é ligada aos valores do bolsonarismo.

Notem que nem mencionei as milícias…

Todas essas forças e corporações têm armas no coldre e balas na agulha. É exatamente por isso que, nas democracias, essas categorias ficam fora dos partidos e das disputas políticas. Tenho procurado me inteirar de como é encarada essa questão nos países democráticos e não encontrei nenhum exemplo parecido com a presença ostensiva, no parlamento, nos cargos civis e na vida nacional, de representantes dessas categorias, nem mesmo para tratarem de seus interesses corporativos.

Bolsonaro ataca sem trégua instituições básicas do regime democrático, como o poder Judiciário (particularmente o STF) e a imprensa – “o certo é tirar de circulação veículos como Folha, Estadão, Globo e O Antagonista”. Os meios de comunicação são inimigos a serem abatidos e o papel da imprensa na democracia é objeto de escárnio.

Nem as urnas eletrônicas prestam. Segundo o seu tortuoso raciocínio, sem fraude ele teria ganho a eleição de 2018 no primeiro turno. Mas se ele perder em 2022 é porque será roubado.

Enfim, dizer que está em marcha um golpe de estado não é nenhum exagero. Teria Bolsonaro a intenção deliberada, estofo intelectual, capacidade de liderança, inteligência tática e estratégica para o plano sinistro? Não creio. Até mesmo para fazer o mal é preciso ter um pouco de estudo e um certo preparo. Pelo sim e pelo não, estou tratando de conhecer as rotas alternativas para o Uruguai ou outro país amigo.

titoguarniere@outlook.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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