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Saúde HIV: cinco pessoas já entraram em remissão; o quão perto estamos de uma cura global?

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Cerca de 38 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV. (Foto: Reprodução)

Na última semana, pesquisadores da Alemanha anunciaram o caso de um paciente que está há cinco anos sem o uso de medicamentos para o HIV e sem sinal de retorno do vírus, um quadro de remissão em que o indivíduo foi considerado curado da infecção. Não é a primeira vez que o feito é atingido, outros quatro relatos semelhantes foram anunciados desde 2009, mostrando que a ciência consegue de fato eliminar o patógeno de um ser humano.

A conquista era algo impensável nos anos 80, quando o vírus começou a ganhar o noticiário pela sua alta letalidade e disseminação fora de controle. Hoje, o cenário mudou muito para as 38,4 milhões de pessoas vivendo com o patógeno – 960 mil delas no Brasil — segundo estimativas mais recentes do programa das Nações Unidas para Aids (Unaids). Mas afinal, o quão próximos de um tratamento acessível para curar o HIV?

Os cinco casos de sucesso até agora compartilham algo em comum: foram beneficiados de um procedimento destinado a outra doença, um câncer, porém pensado também para ajudar no combate ao HIV. Todos precisaram de um transplante de medula óssea e, ao selecionar o doador, os cientistas buscaram alguém com uma mutação genética que levava a não expressão de um receptor chamado CCR5.

Esse receptor é uma proteína que fica na superfície das células do sistema imunológico chamadas linfócitos T CD4, que são os principais alvos do HIV. Ele atua como uma espécie de fechadura por onde o vírus entra na célula. Porém, com a mutação e a ausência do receptor, a célula se torna resistente à infecção, interrompendo a replicação do vírus no organismo e eventualmente o eliminando.

“É importante saber que existe a possibilidade de cura, isso gera uma esperança. Pode ser que isso direcione algum dia para uma cura com modificações genéticas da célula para que ela tenha essa característica de não expressar a proteína CCR5. Porém o transplante não é algo possível de se reproduzir em larga escala, é muito arriscado, com mortalidade alta, de 15%. Então só tem sentido realizá-lo quando de fato há uma doença associada, como a leucemia”, explica José Valdez Ramalho Madruga, infectologista e coordenador do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pesquisador do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo.

O infectologista Ricardo Sobhie Diaz que pesquisa possíveis curas para o HIV, acrescenta que outras tentativas de remissão pelo transplante já falharam, ou seja, também não é um procedimento com 100% de eficácia. Ainda assim, defende que são feitos importantes, especialmente por terem sido em pessoas com quadros diversos de infecção.

“O mais legal é que os cinco casos foram de diferentes idades, resistências ao vírus, estágios da infecção e gêneros. Então essa diversidade ajuda a entendermos as possibilidades de cura. Agora precisamos encontrar um caminho escalonável para isso. É muito importante continuarmos na busca de uma cura porque, mesmo com o tratamento, o vírus não é algo positivo no corpo da pessoa. E com a cura, e outras ferramentas, seria possível erradicar o HIV.”

Cenário

Ainda que uma cura universal e acessível esteja um pouco distante, o cenário hoje para as pessoas que vivem com HIV é completamente diferente daquele dos anos 80 e 90, quando o vírus foi inicialmente detectado em humanos e seu diagnóstico era quase uma sentença de morte.

Segundo os dados da Unaids, em 2021, eram 38,4 milhões de pessoas vivendo com o vírus, porém foram registradas apenas 650 mil mortes relacionadas à Aids – síndrome grave desenvolvida quando o paciente não adere ao tratamento antirretroviral para controlar o HIV. Embora seja um número alto, é uma queda considerável em comparação com os 2 milhões de óbitos registrados a cada ano no início do século.

No Brasil, em 1996, chegaram a ser registradas quase 30 mil mortes associadas ao HIV, de acordo com a Unaids. Porém nos últimos anos, esse número permanece abaixo de 15 mil óbitos ao ano.

“Os antirretrovirais são bem toleráveis e oferecem boa qualidade de vida. Só que tem que tomar o medicamento de forma diária continuamente, não pode interromper. Por isso, os laboratórios estão trabalhando muito para simplificá-lo testando versões de longa duração, injetáveis de forma intramuscular de dois em dois meses, outro de forma subcutânea duas vezes ao ano”, avalia José Valdez Madruga, da SBI.

Além disso, ele reforça que a terapia feita corretamente é também uma estratégia de redução da transmissão, uma vez que os medicamentos conseguem tornar o vírus indetectável. Nesse estágio, já é um consenso na comunidade científica que ele se torna também intransmissível.

Prevenção

Embora os medicamentos tenham avançado, e a perspectiva de cura esteja mais próxima, os modos de prevenção continuam a ser indispensáveis. E são importantes especialmente no contexto em que, na contramão dos casos de Aids, que estão em queda graças ao tratamento, as infecções por HIV estão em alta no Brasil.

Os dados brasileiros mostram que do final dos anos 90 para 2021, o número de novas contaminações saltou de 40 mil para 50 mil ao ano, em média. É também o contrário da tendência mundial, que no mesmo período saiu de mais de três milhões de diagnósticos anualmente para aproximadamente 1,5 milhão.

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